domingo, 4 de agosto de 2019

Rezadores



Apparício Torelly, mais conhecido pelo pseudônimo de Barão de Itararé, jornalista, escritor, político e poeta brasileiro falecido em 1971, tinha inúmeras frases lapidares. Uma delas diz assim: "Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira".

O dramaturgo inglês William Shakespeare, por sua vez, muito tempo antes, obviamente, cunhou a seguinte expressão: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia".

Fiz essa pequena introdução tão somente para adentrar ao tema dessa crônica já anunciado no título. Falar um pouco daquelas pessoas que têm o dom da oração, ou seja, que rezam para curar doentes ou afastar algum tipo de energia negativa.

São coisas que estão além da compreensão material padrão, ou mesmo científica tradicional, pois dizem respeito à fé, no acreditar naquilo que não se vê, que permeia o Universo e podem ser acessadas por quem tem o dom, o conhecimento inato ou aprendido.

Recentemente, segundo publicação da revista Pazes, o Dr. Andrew Newberg, diretor de pesquisa na Universidade Thomas Jefferson, na Pensilvânia, e autor do livro Why God Won’t Go Away (“Por que Deus não vai embora”, sem tradução em português), divulgou um estudo, com base em ressonâncias magnéticas do cérebro, mostrando que há poder na oração.

Newberg chegou à conclusão de que, independentemente da religião, a oração cria uma experiência neurológica de vínculo nas pessoas.  

Atualmente, nos grandes centros urbanos, isso não é tão difundido, havendo, até, alguns exageros e tantas promessas de benefícios não confirmados que as pessoas ficam descrentes.

Entretanto, nas cidades menores, onde a população, por assim dizer, tem que se virar sozinha, os rezadores são reconhecidos e possuem grande influência nas suas respectivas comunidades. Desde crianças com quebranto e mau olhado até adultos com ferida braba, erisipela e espinhela caída são tratados, e curados, com o poder da oração.

Um amigo meu, por exemplo, teve uma experiência interessante. Era menino, na cidade de Tarauacá, no interior do Acre, quando um fazendeiro chamou um rezador para resolver uma situação. Havia uma cobra que estava atacando o gado e já havia se alimentados de um ou dois animais. O rezador foi ao local, e circulou o campo onde a serpente tinha sido vista.

Em seguida, voltou ao centro do pasto e assobiou três vezes. De um ponto alagado saiu uma jiboia de razoável tamanho que rastejou até onde o rezador estava. Este, com uma precisão invejável, cuspiu na cabeça do ofídio, que se esticou todo e ali mesmo ficou, estirado e morto. 

Além disso, tem outro detalhe: o curador disse que todos os que estavam ali naquele momento tinham ficado curado de mordida de cobra. E o meu amigo, anos depois, quando estudava em Manaus, capital do Amazonas, ao fazer um trabalho de campo na área de sua formação acadêmica (Engenharia Florestal) foi picado por uma cobra. E não sentiu nada. Conforme dito pelo rezador, ele estava imune ao veneno.

Há também quem use esse tipo de ciência esotérica, mesmo que de forma empírica, para o mal. Conta-se  que existiu um ladrão chamado Zé Raimundo, que era protegido pelas orações de sua mãe. Fazia seus roubos e ficava impune, pois policial nenhum conseguia pegá-lo. 

Eis, porém, que um deles aprendeu que se usasse uma bala onde na ponta fosse desenhada com uma faca uma estrela de cinco pontas, Zé Raimundo ficaria desguarnecido, podendo, então, ser atingido. Assim ele fez, e assim aconteceu. Mas teve consequências: a mãe do meliante lançou um feitiço contra o matador do filho, que ficou cego. Testemunho de quem conheceu-o e ouviu este depoimento. 

Por isso, caros(as) leitores(as), por mais incompreensível que possa parecer, paremos ao menos um pouco para examinar todas essas coisas. O que a gente às vezes não entende, não quer dizer que seja irreal, pois, conforme dito alhures, tem muita coisa que é aparentemente inexplicável, mas apenas porque não conhecemos seus significados.

Por isso que Jesus, no seu estilo de falar por parábolas e de maneira simbólica, afirmou: "Porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele”.

Acreditemos.

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