terça-feira, 27 de agosto de 2019

Fogo na floresta


Tenho acompanhado com interesse o noticiário sobre as queimadas na região amazônica, com uns falando que o fogaréu está destruindo a floresta, enquanto outros dizem que tudo não passa de intriga da oposição.

Conforme já disse anteriormente, morei 34 anos na cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, onde, atualmente, o Exército montou uma base de operação, utilizando-se de aviões da FAB e "piscinões" de 12 mil litros de água para derramar nos locais mais atingidos.

Sei que nos difíceis caminhos dos relacionamentos humanos a tendência natural é cada um puxar a brasa para a sua sardinha. Vou falar, então, da minha experiência pessoal.

Cheguei em PVH no final do ano de 1985. Fui de carro. De Cuiabá até lá, através da BR 364, eram longos os trechos em que a floresta margeava a estrada. Não se podia nem parar para fazer um xixizinho, principalmente à noite, pois diziam que havia onças por perto. Meio exagerado, a meu ver. Mas, todo cuidado é pouco.

Voltei para o Espírito Santo em junho deste ano da graça de 2019. Também percorrendo de automóvel o mesmo trajeto. Gente, onde havia exuberância vegetal, agora só existem cidades, pastos ou plantações.

Em Porto Velho, em fevereiro de 86, fui morar, com minha família, no Conjunto Marechal Rondon. Na época, era quase o final da cidade. Da porta da minha casa eu via no horizonte as árvores que formavam a linha da floresta. Dez anos depois não tinha mais nada. A expansão urbana tomou de conta. Nos verões amazônicos (período de seca, entre junho e setembro), era comum fuligem cair no meu quintal.

Relatos recentes de amigos meus indicam claramente que neste ano a coisa, literalmente, pegou fogo. O calor já tradicional no período está praticamente insuportável, por conta da fumaceira que cobre a cidade. 

Se são queimadas políticas, que à custa do meio ambiente querem macular o atual governo, não sei. Mas elas acontecem regularmente, ano após ano, e cada vez com maior intensidade. Amigos meus, proprietários de sítios, já tiveram prejuízos por conta de vizinhos inescrupulosos que incendiaram áreas de suas propriedades sem nenhum critério, pois é comum o fogo começar num local e rapidamente se espalhar descontrolado.

Não sou profeta e nem desejo o fim do antigo "pulmão do mundo" (teoria essa já superada), mas digo, com sinceridade, que, no ritmo atual, não dou 20 anos para Rondônia ter reduzida a sua cobertura florestal para quase nada (Acre e Amazonas são outra conversa). E isso é fácil de ver: que fim levou a Mata Atlântica? Lamento, amigos ecologistas, mas a luta de vocês será em vão.

Então, além dos debates ideológicos e discursos midiáticos, vamos nos acostumando, pois o dito Primeiro Mundo vai querer, sim, ter interferência na região, ou o que sobrar dela, especificamente em relação à floresta, seu potencial e recursos minerais e hídricos. Meu sábio pai, Renato José Costa Pacheco, já dizia, dezenas de anos atrás, que a III Guerra Mundial será causada pela disputa por água doce. E onde fica o maior rio do mundo?

Quem viver, verá!

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