O uso de máscaras está caindo mais
rápido do que manga madura do pé. Depois de um longo e tenebroso inverno, quase
ninguém mais usa o anteparo que era moda durante os anos de auge da pandemia do
novo coronavírus. Apenas nos ambientes médico-hospitalares ainda é exigida a
utilização do pedaço de pano execrado por uns e exaltado por outros.
Polêmicas à parte, me parece
interessante observar a diferença que faz ver somente os olhos de uma pessoa ou
o rosto inteiro. A moça que trabalha na padaria: imaginava, ao vê-la com
máscara, que a feição dela fosse de um jeito. Para minha surpresa, ao me
deparar com ela sem máscara, visualizei uma imagem totalmente diferente. E assim
com outros também.
É certo que a frase atribuída a Jesus (“as
aparências enganam”) tem uma conotação mais espiritual do que material, mas não
posso deixar de me lembrar dela quando encontro alguém que conheci usando
máscara e agora o vejo de “cara limpa”. Neste sentido, ouso dizer que os olhos
são os mais importantes no contexto de “ver” sem julgar os demais componentes
(boca, nariz), dentro de um conceito que cada um tem de “beleza”.
Um olhar por cima de uma anteface é
capaz de emitir uma luz que nem sempre é percebida quando não se usa aquela
proteção. Ao vislumbrarmos um semblante completo, os detalhes se perdem no conjunto,
e um apêndice nasal grande pode contribuir para um conceito de “feiura”, da mesma
maneira que uma cavidade bucal desproporcional, por exemplo.
Mas como tudo tem seu lado positivo,
acredito que o período mascarado contribuiu para que o “olho no olho” fosse uma
constante. Assim, ressurgiu um modo de se comunicar que estava deixando de ser
comum, pois predominavam as cabeças baixas e olhadas atravessadas. Doravante, quem
sabe, o contato visual servirá para sermos mais sinceros e amorosos ao nos
fixarmos no lume que todos emanamos.
Daí é dito: “A luz
do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu
corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será
tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais
trevas!” (Sermão da Montanha, Evangelho segundo Mateus, capítulo 5).
Foquemos, pois, positivamente, na bondade e na Luz Divina.