Vivia-se a década de 70 quando a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo pegou o mundo de surpresa ao
anunciar um aumento de aproximadamente 400% no preço do barril do combustível
fóssil mais utilizado no planeta.
Naquela época, 68% do óleo consumido
no Brasil era importado. Sem outra alternativa, o presidente Ernesto Geisel assinou
um decreto proibindo
o funcionamento dos postos de abastecimento das 23h às 6h, de segunda a
sexta-feira, e o fechamento total aos sábados, domingos e feriados nacionais (leia mais: https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/filas-em-postos-de-gasolina-do-pais-se-tornaram-frequentes-nos-anos-70-22725432#ixzz6FLk9K6FI).
Era janeiro de 1977, no auge
do verão.
Praias lotadas, barzinhos
cheios e o povo procurando se adaptar à novidade, entre uma paquera e outra. E aí
é que estava o problema.
Todo mundo da turma na
faixa dos vinte anos com níveis de testosterona altíssimos. A maioria morando
com os pais, e a opção para encontros mais calientes eram os motéis, que
ficavam afastados da área urbana, ou seja, dependia-se de gasolina nos carros
para dar vazão aos anseios juvenis.
A situação ocasionou o
seguinte acontecimento:
Depois de alguns meses de
idas e vindas, o mancebo conseguiu convencer a donzela de que estava apenas cheio
de boas intenções e a jovem aceitou o convite para uma tarde a sós. Combinado
dia e hora, surgiu a questão de como chegar ao local onde tudo seria “só love”,
pois não tinha abastecido seu veículo e, por ser final de semana, as bombas
estavam fechadas.
Numa situação de total emergência
não se podia vacilar. Afinal, não havia como desperdiçar a chance, que talvez
fosse única. Lembrou-se de que o pai havia colocado gasolina no carro dele.
Munido de uma mangueira e um vasilhame de cinco litros “puxou” do tanque a
quantidade que julgou necessária para o trajeto de ida e volta ao motel. Na
ânsia de resolver a situação, acabou engolindo alguns goles do líquido
precioso.
Sem se preocupar com mais
nada, foi buscar a moça e rumou em direção ao paraíso. Chegando lá, após alguns
momentos iniciais, digamos, preparatórios, resolveu dar nela um beijo ardente
que demonstrasse, sem sombra de dúvidas, toda a paixão que lhe consumia. E
mandou ver.
Para sua surpresa, foi
imediatamente empurrado e quase caiu da cama. A garota, após cuspir duas ou
três vezes, exclamou:
- É pura gasolina!
E quase que foi viagem
perdida.