sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Gente de todo tipo


Eu acho interessante observar, discretamente, para não chamar a atenção, as pessoas.

Tem gente de todo tipo. Me impressiona como existem homens e mulheres, sejam adultos, jovens ou crianças, com, digamos, desenhos tão diferentes. A fôrma da genética permite milhares de combinações, e isso levando em consideração que a população mundial atual é estimada em "apenas" 7,7 bilhões de seres humanos.

São pessoas altas, baixas, gordas, magras, loiras ou morenas, com nariz comprido, perna fina, carecas ou cabeludas, dedos longos, costas largas, vozes agudas ou graves, olhos claros ou escuros, orelhas de abano, muito pelo ou pouco pelo, pés grandes, mãos pequenas. E por aí vai. Iguais mesmo, segundo a crença popular, somente os orientais, mas tenho minhas dúvidas se isso é verdadeiro.

O incrível, porém, é a maneira pela qual esses aspectos, como se a natureza estivesse brincando (um vídeo game universal), se combinam entre si. A cada dia vejo nas ruas homens e mulheres com rostos (na maioria das vezes, a parte mais visível) com tal simetria e harmonia, desde o couro cabeludo e até o queixo, que me faz crer, cada vez mais, que estamos sob o comando de uma mão poderosa que controla todo esse design.

Mas feias ou bonitas (esse critério depende do senso estético de cada um), o que importa mesmo é o comportamento individual. A vida em sociedade, sabemos, não é brincadeira, pois a dita civilização transformou a existência numa guerra de sobrevivência, onde cada um (sejamos otimistas: uma parte) quer se garantir, na base do "farinha pouca, meu pirão primeiro". E isso nas mínimas coisas.

Outro dia, no Aeroporto de Vitória (belíssimo, por sinal, com especialidade a sala de embarque/desembarque com uma vista maravilhosa do Mestre Álvaro), enquanto esperava um pessoal, me diverti ao ver os passageiros procurando garantir o seu espaço.

Uma senhora, por exemplo, achou por bem parar praticamente em frente ao portão, sobraçando duas ou três valises, para cumprimentar familiares, enquanto os demais que iam também saindo tinham que se esgueirar pelas laterais. Uma jovem, no afã de se livrar daquele obstáculo de carne e osso, esqueceu que carregava uma sacola maior do que ela e acertou o rosto de um cidadão que estava sentando numa cadeira próxima.

Não se criou nenhum barraco, ainda bem. No trânsito, então, é praticamente cada um por si e Deus por todos. Diriam os intelectuais que o micro reflete o macro, ou, no popular, o exemplo vem de cima. Se a moral e o respeito mútuo, com base naquele velho provérbio romano sobre a honestidade da mulher de César, não estiverem presentes em todos os setores de um país, começando por aqueles de maior responsabilidade, não há como se exigir comportamento educado do povo em geral. 

Ou todo mundo passe a se respeitar, ou o negócio vai virar bagunça, se é que já não virou. 





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