terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Espelho

 




 

Gente, fazer mudança de casa é uma das coisas mais chatas que possa existir, pelo menos para mim. Dentro da mesma cidade até é mais fácil, mas de uma localidade para outra, ou mesmo para um estado/região diferente não é brincadeira.

 

É bom que, nessas ocasiões, surge uma oportunidade para se dar uma geral nas bagulhadas acumuladas ao longo dos anos. Incrível como aparecem tranqueiras imprestáveis e inúteis que ninguém lembra porque tinham sido guardadas. Sem contar aquela papelada amarelada pelo tempo com conteúdo já ilegível.

 

Um amigo meu viveu essa experiência tempos atrás, mas teve que selecionar sozinho o que seria colocado ou não no caminhão de mudança, uma vez que a esposa estava viajando para atender à mãe enferma. Preocupado em não deixar nada para trás, fazia ligações diárias, perguntando se isso ou aquilo devia ir ou ficar.

 

Tudo devidamente embalado, as dezenas de caixas foram entregues à transportadora. Dias depois, foram recepcionadas no novo local de residência do casal, mais ou menos uns 3.500 quilômetros de distância.

 

Quando tudo estava sendo arrumado, a “gerente” percebeu a ausência de um espelho que ficava na casa anterior. Indagado, o marido, já sentindo que tinha dado mancada, argumentou que não havia trazido aquele objeto porque no apartamento onde estavam atualmente havia espelhos nas portas do armário do quarto, nos banheiros e até na sala.

 

Nada adiantou. Nenhum prestava, a não ser aquele que havia sido esquecido. Passados mais de dois anos, o assunto “espelho” ainda é tabu. O apego gruda mesmo.

 

E fiquei sabendo que o dito cidadão está para se mudar novamente, desta vez, ainda bem, dentro da mesma cidade. Coincidência ou não, a mulher está aproveitando as férias com as irmãs e irmãos no litoral de Santa Catarina, mas já proferiu a ordem peremptória: "Não embale nada antes da minha volta".

 

Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

2024

 


O calendário cumpre seu ciclo de horas, semanas e meses, enquanto o tempo, inexoravelmente, mantém sua marcha infinita, caindo um ano após o outro, começando um ano depois do outro. E assim caminha a humanidade, com tantas perguntas ainda sem respostas, com tanta gente sem saber aonde ir, com situações por resolver e sentimentos reprimidos que precisam aflorar para abrir espaço no coração para coisas melhores.

 

Dias desses me mandaram um vídeo com a autointulada professora Débora Luz (procurei no Google, mas apareceram dezenas de “déboras luzes”) falando sobre o impacto das emoções no nosso sistema imunológico. Ela trata de uma substância de nome dopamina, considerada como um dos hormônios da felicidade, um neurotransmissor, e que quando liberada provoca sensação de prazer e satisfação.

 

Segundo ela, considerando que todo nosso corpo é um máquina totalmente interligada, as emoções boas circulam, através da corrente sanguínea, da cabeça aos pés, alcançando órgãos, vísceras e ossos. Contudo, existem também em nosso organismo células imunológicas que processam o impacto de pensamentos negativos, facilitando, assim, a manifestação de doenças. Diz ela que uma notícia ruim, por exemplo, derruba as defesas da pessoa por minutos ou horas, dependendo da intensidade. “O envenenamento da mente, diminui a resposta imunológica”, garante.

 

Bom, imagino que tudo isso tenha comprovação científica, porque eu, particularmente, na minha modesta condição de leigo, acredito que seja uma realidade. Já sofri uma doença autoimune (quando o sistema imunológico do corpo atraca seus próprios tecidos) exatamente num período da minha vida em que vivenciei uma situação de fundo emocional difícil, onde as incertezas predominavam e pensamentos derrotistas tumultuavam meu cérebro.

 

Mera coincidência, dirão alguns. Pode ser. Mas depois que voltei ao meu equilíbrio natural, tudo de ruim passou. Enfim, esse arrodeio é tão somente para dizer o óbvio em relação ao ano novo: nada mudará se as práticas não forem aperfeiçoadas naquilo que seja necessário. Tanto faz ser 2023, 2024 ou 2025: sem transformação nas velhas formas de viver, ou seja, ter bons pensamentos, boas palavras e bons sentimentos, o ser humano continuará patinando e derrapando no atoleiro da iniquidade.

 

Cada um que faça a sua parte. Assim, queiram ou não queiram chegaremos a bom termo na nossa caminhada enquanto irmãos.