Diz o site do Governo Federal que “o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos
sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para
avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante
de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a
população do país”.
Não deixa de ser
verdade, mesmo que para ter esse “acesso integral, universal e gratuito” os
mais carentes financeiramente tenham que enfrentar filas, chegar de madrugada nas
hoje denominadas UPAs para garantir as primeiras senhas e esperar, esperar e
esperar, pois nem sempre o especialista necessário está disponível.
Por esse viés é crível
supor que aqueles que podem pagar um plano de saúde estão no melhor dos mundos.
Basta adentrar em qualquer hospital credenciado, apresentar a carteirinha e voilà,
enfermeiros e médicos acorrem prontamente, estendendo um tapete vermelho e se
colocando à disposição para o que der e vier. Ledo engano.
Em determinada unidade
hospitalar particular, de uma famosa rede em franca expansão, cheguei com minha
mãe, que estava com a perna direita avermelhada, dolorida e inchada. Para começar,
tive que assinar umas cinco folhas de papel, em plena era digital, onde tudo
está conectado por um clique. Mas isso é o de menos.
Aguardamos e fomos
encaminhados para uma ortopedista, que requisitou um raio-x. Aí começa a peregrinação.
O serviço é prestado por uma empresa terceirizada, instalada dentro do
hospital. Lá, entre mais papelada, começa tudo de novo: nome, identidade,
número da carteira do plano, esperar a autorização, aguardar ser chamado para o
exame, receber o resultado, voltar na primeira médica.
Considerando a
ausência de fratura, vamos para um clínico geral. Mais uns papeizinhos e de
volta à prestadora de serviços, pois foi requisitado um doppler venoso, haja
vista a suspeita de trombose. Novas assinaturas e a impactante informação: o
médico plantonista não está presente, “e mandou avisar que hoje ele não vem”,
me disse cinicamente a atendente.
Vejam só, senhoras e
senhores, o incrível absurdo: o médico plantonista não foi trabalhar (quer
dizer, estava dando plantão fora do seu lugar de plantão) e, fazendo a coisa
ficar ainda mais inacreditável, disse que naquele dia não iria atender a escala
de serviço. Pasmem! Já é um absurdo o profissional não ficar em seu posto, e
sim de sobreaviso, e quando é acionado tem a cara de pau de recusar a tarefa.
Que exemplo de ética e
senso do dever. Solução: internar minha mãe para que na manhã seguinte o
ocupadíssimo endocrinologista (depois reclamam quando se fala da tal “máfia de
branco”) cumpra seu encargo. Aliás, o dito cujo só apareceu às 16 horas, e isso
depois de muitas reclamações e estresse com ligações telefônicas daquele tipo: “Não
é nesse setor, favor ligar para o número tal”. Gente, esses planos de saúde e
seus conveniados dão a impressão de que não têm muita diferença para o SUS, no
quesito presteza, a não ser as salas com ar refrigerado.
A conclusão é a
seguinte: cuidem-se, pois. Evitem ficar doentes. A quantidade de nosocômios e
dos esculápios que renegam o juramento de Hipócrates é assustadora.
Orem, conforme ensinou
o poeta romano Juvenal: “Mens sana in corpore sano”.
Em tempo: minha mãe já está em casa. Não era trombose, e sim uma infecção bacteriana, seja ela o que isso pode significar. Tratamento: antibióticos orais.