Não sei o motivo, mas hoje acordei me
lembrando da minha mãe. Depois, olhei no calendário e vi que estamos em 25 de
outubro. O falecimento dela aconteceu em 25 de março, ou seja, já se passaram exatos
sete meses.
Minha mãe era uma pessoa generosa, e me
escolheu para cuidar dela após ter ficado viúva. Por conta disso, morou comigo
até os últimos dias, me auxiliando sobremaneira, pois acostumada a mandar e a
comandar queria que tudo ficasse na responsabilidade dela, inclusive quando
íamos aos supermercados ou quando parávamos em algum posto de combustível para
abastecer o carro.
Provavelmente não retribui à altura
todo o bem que me fez, até porque sou (e ela também era) um tanto duro em
demonstrar carinho àqueles que me amam. No leito de hospital onde faleceu pedi
perdão, e ela, já enfraquecida e debilitada, pegou a minha mão e deu um beijo,
aceitando, creio eu, minhas escusas, numa demonstração final do amor
incondicional que todas as mães têm por seus filhos.
Foi um boa mãe, sempre preocupada com o
bem-estar geral de todos, familiares ou agregados que orbitavam em seu entorno.
Nascemos e não sabemos quando morreremos. No luto o sofrimento mostra o quão frágil
somos perante a inevitabilidade do fim da nossa vivência terrena. A dor da
perda de um ente querido sempre traz questionamentos em relação à própria vida,
a esse paradoxo de viver para morrer.
Espírita que sou, busco na minha crença
o conforto para acreditar que nossa alma imortal jamais perecerá. O corpo vira
pó, mas nosso espírito é eterno, e nas voltas que o mundo dá “quem sabe um
dia/a gente volte a se encontrar/no espaço infinito/em uma estrela, em qualquer
lugar/talvez numa escola chamada Unidos de Nosso Senhor/e o tema do samba enredo
será simplesmente o amor” (Unidos de Nosso Senhor – Grupo Xodó).
Que Deus e Nossa Senhora amparem minha
mãe, lhe dando um bom lugar nas moradas celestiais, enquanto nós continuamos nessa
peleja diuturna à espera da nossa hora também, guardando somente boas
lembranças daqueles que foram na frente.