quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Lembranças

 


         Não sei o motivo, mas hoje acordei me lembrando da minha mãe. Depois, olhei no calendário e vi que estamos em 25 de outubro. O falecimento dela aconteceu em 25 de março, ou seja, já se passaram exatos sete meses.

 

         Minha mãe era uma pessoa generosa, e me escolheu para cuidar dela após ter ficado viúva. Por conta disso, morou comigo até os últimos dias, me auxiliando sobremaneira, pois acostumada a mandar e a comandar queria que tudo ficasse na responsabilidade dela, inclusive quando íamos aos supermercados ou quando parávamos em algum posto de combustível para abastecer o carro.

 

         Provavelmente não retribui à altura todo o bem que me fez, até porque sou (e ela também era) um tanto duro em demonstrar carinho àqueles que me amam. No leito de hospital onde faleceu pedi perdão, e ela, já enfraquecida e debilitada, pegou a minha mão e deu um beijo, aceitando, creio eu, minhas escusas, numa demonstração final do amor incondicional que todas as mães têm por seus filhos.

 

         Foi um boa mãe, sempre preocupada com o bem-estar geral de todos, familiares ou agregados que orbitavam em seu entorno. Nascemos e não sabemos quando morreremos. No luto o sofrimento mostra o quão frágil somos perante a inevitabilidade do fim da nossa vivência terrena. A dor da perda de um ente querido sempre traz questionamentos em relação à própria vida, a esse paradoxo de viver para morrer.

 

         Espírita que sou, busco na minha crença o conforto para acreditar que nossa alma imortal jamais perecerá. O corpo vira pó, mas nosso espírito é eterno, e nas voltas que o mundo dá “quem sabe um dia/a gente volte a se encontrar/no espaço infinito/em uma estrela, em qualquer lugar/talvez numa escola chamada Unidos de Nosso Senhor/e o tema do samba enredo será simplesmente o amor” (Unidos de Nosso Senhor – Grupo Xodó).

 

         Que Deus e Nossa Senhora amparem minha mãe, lhe dando um bom lugar nas moradas celestiais, enquanto nós continuamos nessa peleja diuturna à espera da nossa hora também, guardando somente boas lembranças daqueles que foram na frente.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

15 anos

 


Minha amada neta Alice, a Primeira, está fazendo, nesse 11 de outubro de 2023, 15 anos de idade. O tempo passa, o tempo voa, diria uma famosa propaganda bancária dos anos 1970, e aquela fofura loira de cachinhos dourados se transformou numa linda jovem de nariz empinado, estudiosa e atleta de vôlei (no futebol, a exemplo do avô, torcedora do Flamengo), fã de Bruno Mars e Taylor Swift, entre outros.

 

Houve uma época em que essa data era esperada com ansiedade pelas famílias mais tradicionais, para não dizer abastadas, quando as filhas seriam “apresentadas à sociedade” em bailes glamorosos que serviam mais para afagar o ego vaidoso dos pais do que atender às debutantes. Páginas de jornais eram preenchidas com fotos e elogios, nem sempre gratuitos. Nas voltas que o mundo dá, tudo isso ficou para trás.

 

Alice não tem esse perfil, o que acho bom. É mais pé no chão, até porque raras vezes foi possível vê-la suavizar nossos olhos, tal qual um colírio, usando vestidos. Apesar de não querer demonstrar, é uma pessoa carinhosa, que ama seus pais, suas tias e primos, principalmente o menorzinho, Benício, de seis meses, do qual é madrinha, sem esquecer dos avós.

 

Quer ser médica. Sua dedicação na escola, onde sempre tem boas notas (é considerada a melhor da turma), vislumbra êxito nessa pretensão, pois, sabemos, o curso de Medicina não é para qualquer um. Dá trabalho para entrar, e exige mais trabalho ainda para que o acadêmico se torne um bom profissional. Ela chegará lá.

 

Gostaria de dar-lhe muitos beijos e abraços hoje, mas sei que isso não é exatamente a praia dela, e, tenho que reconhecer, nem mesmo a minha. Somos mais controlados nas demonstrações de afeto e carinho, o que não quer dizer que não tenhamos uma ligação forte que vai além de atos explícitos. O nascimento dela me encheu de uma alegria imensa, superior até àquela que senti (que não foi pouca) quando nasceram minhas filhas.

 

Sim, sou avô babão, mas quem não o é? Ter netos é uma das coisas mais maravilhosas da vida, e eu, com a graça de Deus, já coleciono quatro – duas meninas e dois meninos. Mas Alice Pacheco Fernandes sempre será a primeira, com um lugar especial no meu coração, que hoje bate mais forte em celebração ao primeiros quinzes anos da existência dela, época de desabrochar para uma vida abençoada em que sonhos precisam ser vividos para que se transformem em boas realizações.

 

Que Deus esteja sempre contigo. Seja feliz! Te amo.