quarta-feira, 13 de abril de 2011

A rua Sete de Setembro

Esse blog está se tornando uma coisa bastante presente nos meus pensamentos. Depois da postagem, deitado em meu quarto, as ideias fervilham sobre os próximos temas. Hoje, me veio na memória falar um pouco sobre a rua Sete de Setembro, que subi e desci inúmeras vezes. Peço vênia, portanto, para fazer uma pausa nas minhas reminiscências jornalísticas. Voltarei ao tema brevemente, porque a viagem está apenas começando.
A rua 7 sempre foi uma referência para mim. Lá moraram, desde que se casaram, num casarão do número 407 (ou será 415?), próximo à sede de "O Diário", meus avós paternos, Filogônio ("Filó") e Valentina ("Valu") Pacheco. Na foto acima, meu avô aparece ao lado de meu pai. O pé direito tinha mais de 5 metros e as paredes, largas, eram de pedras (retiradas do próprio terreno), fixadas com óleo de baleia (pelo menos assim me contaram quando eu era menino). Lá dentro a temperatura era sempre agradável, mesmo que fora estivesse quente ou frio. As paredes internas eram ilustradas com pinturas variadas como não vi em nenhum outro lugar. Chegava-se à porta principal por uma escadaria estilo palaciano, que dava acesso, ainda, à varanda e a um lindo caramanchão cheio de gaiolas com pássaros.
No jardim, com direito a chafariz e pequenos peixes, flores e frutíferas (jabuticabeira, mangueiras, caramboleira - minha preferida) faziam sombra para a pequena oficina que meu avô tinha. Nunca fui muito chegado a martelos, serrotes e similares, mas gostava de um enorme disco de metal cheio de furos que, acionado por uma manivela, emitia sons musicais. O fundo do quintal era ocupado por um galinheiro, que ficava encostado no restante da pedreira que antes havia no lote.
O porão era tão grande que, posteriormente, o meu avô fez outra casa naquele local, com uma ampla sala, três quartos, cozinha, dois banheiros e demais dependências. Só tinha um defeito: quando chovia forte, a enxurrada que vinha do morro da Fonte Grande, bem pertinho, alagava parte da moradia. Gostava muito de ficar ali, apesar do barulho dos bondes (a garagem deles era quase em frente) e da convertidora (hoje é o prédio da Escelsa). Chamava-se assim, segundo explica Edson Quintaes, num artigo disponível no endereço http://www.morrodomoreno.com.br/, porque recebia a luz elétrica na forma "corrente alternada" e "transformava" para "corrente contínua" para alimentar a linha dos bondes.
Neste endereço morei durante três momentos da minha vida. A primeira vez foi quando nós, meus pais - Renato José Costa Pacheco (tenho que me preparar melhor para escrever sobre ele) e Clotilde Cercília Bomfim Pacheco (ela vai me deserdar quando ler o nome dela aqui) e meus irmãos, viemos de Colatina. Meu pai era juiz e havia sido promovido para Vitória. Ficamos ali enquanto ele construía uma residência própria, na rua Antônio Basílio, 40, praia de Camburi (a primeira naquela região).
Depois de casado, passei uma temporada na rua Eugênio Neto, praia do Canto, e, em seguida, fui com Jussara (minha companheira há 33 anos) residir naquele endereço. Minhas duas filhas mais velhas, Raissa e Taís, também viveram ali. Da rua 7 foi que vim para Rondônia. Ali, me lembrei agora (olha o jornalismo novamente), fazíamos as reuniões do grupo que venceu as eleições no Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo tendo Tinoco dos Anjos (salve, companheiro) na presidência.
E o terceiro período, na verdade foi o segundo. Trabalhava, durante o dia, em "A Gazeta". À noite, fazia o 3º ano científico (assim chamado na época) no Colégio Salesiano. A casa de Camburi, que ainda era um local relativamente ermo, já estava pronta, mas, por questões de segurança, ficava de segunda a sexta-feira com meus avós, no casarão da rua Sete. De lá até a rua General Osório, onde estava sediado o jornal, passando pela Cidade Alta, era uma caminhada de uns 10 minutos. Ia e voltava para a escola de ônibus e quase diariamente, no retorno, parava na Lanchonete 7 (ou Lanches 7?) para comer um "brotinho" (atenção maldosos, era o nome de uma pizza pequena). Me sentia dono do mundo, totalmente independente.
O centro da cidade - praça Costa Pereira, com suas palmeiras imperiais, o Teatro Carlos Gomes, o Cine Glória e, um pouco mais distante, a praça Oito - fazia parte, também, do meu cotidiano. Era freguês assíduo dos locais que vendiam caldo de cana com pastel. Gostava de passar em frente ao Palácio Anchieta, sede do governo estadual, e, do alto das escadarias que davam acesso à avenida Jerônimo Monteiro, ver o movimento no cais do porto.
Eu, que passei quase toda minha infância e começo da juventude no interior (entre São Mateus, Conceição da Barra, Santa Leopoldina, Guaçuí, Alegre e Colatina), por causa da carreira na Magistratura do meu pai, estava meio que deslumbrado pela cidade grande (e Vitória nem era tão grande assim). Mas era meu mundo, e nele cabiam todos os meus sonhos e esperanças.

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P.S.: meu amigo de longa data (mais de 30 anos), o jornalista Rubens Gomes, dos mais competentes e criativos que já conheci, propos que o blog passe a se chamar BLOGUEIRO DO VELHO PORTO. Se pelo menos um dos meus dois insistentes leitores aprovar a proposta, ela será, então, democraticamente aceita. Aguardo os comentários.


6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Nome legal para o Blog.. Poderia ser assim: Blogueiro do velho Porto. De Ronônia para o mundo
    Ficou muito grande? rsrsrs

    Mas deixo aqui que aprovo o nome sugerido.
    bjãooo Te amo Pai

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  3. Gostei da descrição sobre a casa na rua 7. Na época que morei lá eu era muito pequena então não me lembro da casa, mas fiquei com vontade de revê-la.

    Sobre o nome eu achei legal o nome, mas é você quem decide.

    Continue escrevendo.
    Beijos

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  4. Bom, como minha duas insistentes leitoras (seguinte: são minhas filhas, mas não estou forçando-as a ler o blog) votaram a favor, vou agendar com minhas assessoras técnicas (ambas supra citadas) a alteração. Voltaremos ao ar logo mais com as novidades.

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  5. Eu também Gostei dos Dois também...
    Continue escrevendo, pois "olha que isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom de mais..."

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  6. Grato. Quero melhorar sempre e sempre. Com o auxílio de vocês.

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