Eu
acho bem legal saber de pessoas que se conheceram desde sempre, que moraram na
mesma rua, participaram de todas as brincadeiras, frequentaram o mesmo colégio,
aprontaram juntos, tiveram segredos, chegaram à faculdade, constituíram
família, se fizeram compadres uns dos filhos dos outros e continuaram se
encontrando.
Falo
isso porque eu não tenho amigos de infância. Claro que eu tive infância, mas
não convivi tempo suficiente com outras crianças/jovens para firmar laços de
amizade tão duradouros. Vou explicar.
É
que meu pai, por força da carreira profissional dele (Juiz de Direito), tinha
que mudar constantemente de cidade, na medida em que ia subindo os degraus
hierárquicos, iniciando nos municípios menores (comarcas pequenas) até poder
chegar à Capital, no caso, Vitória/ES.
Dessa
maneira, os meus primeiros anos de vida foram passados em São Mateus e
Conceição da Barra. Entre 3 e 5 anos de idade, salvo engano, moramos em Santa
Leopoldina. Depois, fomos para Guaçuí, onde cursei o primário e iniciei o
ginásio (nomenclaturas da época). De lá, chegamos em Alegre, onde ficamos pouco
tempo. E aí mudamos para Colatina, conclui o ginásio e, finalmente, retornamos
para Vitória, onde nasci, para que pudesse fazer o científico e me preparar
para o vestibular.
Pois
bem. Nesse vai e vem, quando eu começava a me acostumar com a vizinhança e os
meninos da rua já era hora de arrumar as malas e colocar o pé na estrada. Me
lembro, por exemplo, que a mudança para Guaçuí foi quase uma epopeia, pois a
estrada ainda não era asfaltada e como havia chovido muito havia lama por toda
a parte.
Hoje
em dia tento me lembrar da rapaziada de todos esses lugares e são poucos os rostos
ou os nomes que vem na memória. Tinha o Francelino, em Guaçuí, e sua linda irmã
Ângela, já adolescente. Em Alegre, o Renatinho, bom de bola. E fica por aí.
De
72 para cá, quando cheguei em Vitória, me recordo mais das meninas do Salesiano
– Mariana, Virgínia, Vanda, Tânia, Cristina – e do pessoal que conheci nas redações,
como os irmãos Simões (Carlile e Cláudio), o inesquecível Ivanzinho, Rubinho e
Fernando Gomes, Tinoco e Erildo dos Anjos, Rogério Medeiros, Marien Calixte e
outros mais, mas não sei dizer, em relação à maioria, por onde andam e nem o
que fazem. Sei que alguns desses já faleceram.
Contudo,
a ausência de amigos de infância não é nenhum trauma na minha vida. Sou grato às
pessoas que fizeram e fazem parte da minha existência, desde os colegas de
trabalho até os meus companheiros/irmãos de religião e busca espiritual. Agradeço
também à minha família, suporte para os momentos bons e outros não tão bons. Todos
são importantes, pois com cada um, diuturnamente, aprendo alguma coisa.
Inclusive que “a amizade sincera é um santo
remédio”, verso da música de Renato Teixeira e eternizada por Dominguinhos.
Fui presenteada! Eu e a C Lourdinha somos amigas de infância...do quarto ano primário ao terceiro científico, colegas com cadeiras coladas pra facilitar as conversas e as risadas.
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