Dei
uma pernada pelo centro de Vitória.
Subi
de carro pela rua Graciano Neves, desci um trecho da 7 de Setembro, passei por
trás do Colégio do Carmo e encontrei uma vaga para estacionar na Gama Rosa. O
restante foi a pé.
Fui
até a praça Costa Pereira, entrei na avenida Jerônimo Monteiro, cheguei até a
praça Oito, segui em frente vendo o porto e a escadaria Bárbara
Lindenberg (ao fundo, o Palácio Anchieta) e alcancei a rua General Osório, onde
fica o ed. Gazeta, antiga sede do jornal e TV do mesmo nome (trabalhei nos dois,
tanto nesse endereço quanto na sede atual). Mais um pouco e subi a rua
Caramuru, passando por baixo do viaduto usado pelos bondes, chegando, novamente, na
rua Gama Rosa.
Esse trajeto era minha rotina durante alguns anos. Locais
de minha infância/juventude, muitos, ainda, com poucas alterações, a não ser o
desgaste natural do tempo. Mas, confesso, o coração não palpitou por nada.
Na rua 7 de Setembro passei em frente ao casarão (número
407) que era dos meus avós paternos, local onde também morei. Está bem
conservado, pelo menos por fora, e acredito também na parte de dentro. Não sei
se é moradia de alguma família ou se tornou endereço comercial, apesar de não
ter visto nenhuma placa nesse sentido. Na parte de baixo (número 415) as
antigas portas e janelas foram lacradas com tijolos e gradeadas. A vetusta
escadaria permanece. Nada sei dizer a respeito do jardim.
O calçadão no
início da rua (ou seria, final) tem muitas lojas antigas, como, por exemplo, A
Fada, e as tradicionais óticas (não sei como existem clientes para tantos
locais que vendem óculos). Uma viatura da PM estacionada em cima da parte
destinada aos pedestres garante a segurança. Vendedores entediados aguardam indecisos
clientes. Não localizei uma lanchonete onde quase toda à noite, ao voltar das
aulas no Salesiano, comia uma pizza pequena (na época, chamava-se brotinho)
e bebia um refrigerante.
A praça Costa Pereira, às 10 horas, é de uma tristeza só.
Os bancos carcomidos são ocupados por desocupados, de todas as idades e cores, aparentando
noites mal dormidas e alimentação precária. Somente as imponentes palmeiras
imperais dão algum ar de dignidade ao local que presta uma homenagem a um
antigo presidente da Província do Espírito Santo.
As calçadas que margeiam a avenida Jerônimo Monteiro são percorridas
por transeuntes preocupados apenas com seus próprios problemas. Ali, porém, não
se vê o público elegante dos shoppings, mas aquela gente sofrida, em busca de
preços mais baratos ou de comer um pastel e beber um caldo de cana, que cultiva
uma esperança que passa de geração em geração, na expectativa e na crença de um
futuro melhor.
E o visual da praça Oito é tão deprimente quanto o de sua
congênere também histórica já citada. Para completar, já no carro e cruzando a
avenida Jerônimo Monteiro para pegar a avenida Beira-Mar (oficialmente, avenida
Marechal Mascarenhas de Moraes), vejo
o pequeno posto de combustível, junto à praça Pio XII, que era do meu tio Codé
(Carlos José Bomfim). Ali eu abastecia e pagava só no final do mês.
Todo esse tour nostálgico, me fez chegar à
seguinte conclusão: tem hora que não vale a pena lembrar do passado.
É melhor tocar a vida e seguir em frente.
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