segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Nostalgia




Dei uma pernada pelo centro de Vitória.

Subi de carro pela rua Graciano Neves, desci um trecho da 7 de Setembro, passei por trás do Colégio do Carmo e encontrei uma vaga para estacionar na Gama Rosa. O restante foi a pé.

Fui até a praça Costa Pereira, entrei na avenida Jerônimo Monteiro, cheguei até a praça Oito, segui em frente vendo o porto e a escadaria Bárbara Lindenberg (ao fundo, o Palácio Anchieta) e alcancei a rua General Osório, onde fica o ed. Gazeta, antiga sede do jornal e TV do mesmo nome (trabalhei nos dois, tanto nesse endereço quanto na sede atual). Mais um pouco e subi a rua Caramuru, passando por baixo do viaduto usado pelos bondes, chegando, novamente, na rua Gama Rosa.

Esse trajeto era minha rotina durante alguns anos. Locais de minha infância/juventude, muitos, ainda, com poucas alterações, a não ser o desgaste natural do tempo. Mas, confesso, o coração não palpitou por nada.

Na rua 7 de Setembro passei em frente ao casarão (número 407) que era dos meus avós paternos, local onde também morei. Está bem conservado, pelo menos por fora, e acredito também na parte de dentro. Não sei se é moradia de alguma família ou se tornou endereço comercial, apesar de não ter visto nenhuma placa nesse sentido. Na parte de baixo (número 415) as antigas portas e janelas foram lacradas com tijolos e gradeadas. A vetusta escadaria permanece. Nada sei dizer a respeito do jardim.

 O calçadão no início da rua (ou seria, final) tem muitas lojas antigas, como, por exemplo, A Fada, e as tradicionais óticas (não sei como existem clientes para tantos locais que vendem óculos). Uma viatura da PM estacionada em cima da parte destinada aos pedestres garante a segurança. Vendedores entediados aguardam indecisos clientes. Não localizei uma lanchonete onde quase toda à noite, ao voltar das aulas no Salesiano, comia uma pizza pequena (na época, chamava-se brotinho) e bebia um refrigerante.

A praça Costa Pereira, às 10 horas, é de uma tristeza só. Os bancos carcomidos são ocupados por desocupados, de todas as idades e cores, aparentando noites mal dormidas e alimentação precária. Somente as imponentes palmeiras imperais dão algum ar de dignidade ao local que presta uma homenagem a um antigo presidente da Província do Espírito Santo.

As calçadas que margeiam a avenida Jerônimo Monteiro são percorridas por transeuntes preocupados apenas com seus próprios problemas. Ali, porém, não se vê o público elegante dos shoppings, mas aquela gente sofrida, em busca de preços mais baratos ou de comer um pastel e beber um caldo de cana, que cultiva uma esperança que passa de geração em geração, na expectativa e na crença de um futuro melhor.

E o visual da praça Oito é tão deprimente quanto o de sua congênere também histórica já citada. Para completar, já no carro e cruzando a avenida Jerônimo Monteiro para pegar a avenida Beira-Mar (oficialmente, avenida Marechal Mascarenhas de Moraes), vejo o pequeno posto de combustível, junto à praça Pio XII, que era do meu tio Codé (Carlos José Bomfim). Ali eu abastecia e pagava só no final do mês.

Todo esse tour nostálgico, me fez chegar à seguinte conclusão: tem hora que não vale a pena lembrar do passado.

É melhor tocar a vida e seguir em frente.






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