Esses
dias a minha querida esposa, Jussara, com a sensibilidade própria de quem é
artista plástica, fez uma foto (me apropriei para ilustrar esta crônica), em
que aparecem lado a lado o meu tênis número 40 e os delicados sapatos de minha
neta, Kiara, de um ano e seis
meses.
Me pareceu que a fotografia, além do registro
de um aspecto da vida cotidiana de minha família, transpareceu uma simbologia
sobre o ser humano, da sua pequenez à sua grandeza.
Eu, na espiral da vida começando devagarinho a
descer a ladeira, e a filha da minha filha iniciando a sua jornada ascendente,
com tantas coisas ainda por vir. Aquele sapatinho como se retratasse o micro; o
meu Olympikus, representando o macro.
O micro, não só da criança em relação ao
macro, que é o adulto, mas do homem e da mulher (micro) soltos na imensidão do
universo (macro) ainda em expansão (vide a lei de Hubble), de tamanho
imensurável.
O
ser humano carrega dentro de si essa dicotomia: pequenez e grandeza. Perante o
cosmo, não representa quase nada. Contudo, traz consigo a capacidade de estudar
e compreender todas essas coisas. Por isso, domina o planeta Terra, e quer ir
ao infinito.
Essa
raça de bípedes tem exemplares que praticam atos sórdidos que beiram o
inexplicável. Atitudes e palavras maldosas, que machucam física e
emocionalmente, e, não raras vezes, causam danos irreparáveis, ou que perduram
ao longo de anos. Vidas inteiras podem ser afetadas por atos inconsequentes.
Mas
existem também aqueles e aquelas que demonstram altruísmo e coragem ímpares.
Feitos do mesmo barro que os outros agem de uma forma diferente, como se a
mesquinharia de uns servisse apenas para lhes dar a força necessária para
servir, compreender, construir e amar incondicionalmente.
Perante Deus, somos todos iguais. O que nos
diferencia é tão somente aquilo que praticamos ou falamos, palavras ou ações.
Ser pequeno ou grande é apenas uma questão de escolha. Depende de qual lado
alimentamos. O livre arbítrio nos dá o direito de ter essa opção. Mas é preciso
cuidado, pois a linha que separa uma estrada da outra - a luz da escuridão -, é
muito tênue.
Saibamos ver para
escolher certo.
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