sexta-feira, 20 de setembro de 2019

As quatro estações


Conforme já dito alhures eu vivi mais de três décadas no norte brasileiro, mais precisamente em Porto Velho, capital do Estado de Rondônia.

            Naquela parte do rincão nacional, por óbvio, oficialmente tem-se também as quatro estações do ano: verão, outono, inverno e primavera. No dia a dia, porém, tudo se resume em dois períodos distintos: inverno (que não quer dizer frio, mas sim, chuva, de outubro a abril) e verão (calor e estiagem, de maio a setembro).

            As chuvas amazônicas são torrenciais, diárias e, às vezes, demoram horas, podendo, por exemplo, começarem de madrugada e se estenderem, sem afrouxar nenhum minuto, até o final da tarde.

            É quando tudo fica verdinho. Tenho um amigo que diz que a chuva em Porto Velho é vitaminada, pois faz as plantas crescerem rapidamente. Em compensação, a cidade, em face da ocupação urbana desordenada e da incúria dos governantes, sofre. As cheias do rio Madeira já viraram rotina, e os ribeirinhos meio que se acostumaram com a água na porta e até dentro de casa. Nas ruas, ao longo da época invernosa, é preciso cuidado, pois o asfalto fino logo cede e buracos novos surgem diuturnamente. E onde a via é de terra batida, a lama se espalha folgada.

            Já no verão o calor sufocante faz com que todos pensem duas vezes antes de sair do conforto do ar condicionado e pisar na calçada. E a poeira toma conta de tudo, densa e persistente. Crianças e idosos, acometidos de crises alérgicas, lotam os hospitais, públicos ou particulares. Mas a vida segue assim mesmo, num conformismo natural e inevitável.

            Aqui no Espírito Santo, contudo, a imperceptível inclinação da Terra em relação ao Sol, na sua translação anual, torna-se visível através das manifestações da natureza. Quando cheguei, em meados de junho, o inverno (desta vez, frio mesmo) estava começando com seus dias mais curtos e noites mais longas. Agora, já em setembro, com a primavera presente, nota-se claramente a inversão: os dias começam a ficar mais longos e as noites mais curtas, até o auge do verão a partir de dezembro.

            Provavelmente daqui uns anos nem estarei tão ligado nesses detalhes. A rotina torna as coisas comuns, inserindo-as na vida da gente como sempre estivessem presentes.

            Mas enquanto isso, porém, vou curtindo essa “novidade”.

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