terça-feira, 31 de maio de 2011

Aventura nos Andes - II

Conhecer a região andina e o Oceano Pacífico foi uma experiência fascinante, não só pelo aspecto profissional (fiz uma reportagem que rendeu um caderno especial de oito páginas, com fotos de minha autoria), mas também no lado pessoal, de cidadão do mundo, conforme me considero. Sou daqueles que acredita num planeta sem fronteiras. Quem viver, verá.
Os habitantes do Peru e da Bolívia não têm, ou pelo menos não percebi naquela época, a miscigenação existente no Brasil. Pejorativamente às vezes chamamo-os de índios, mas isso, para eles, acredito, deve ser até um elogio, pois mantêm uma unidade cultural e linguística muito interessante. Me perdoem os sociólogos e antropólogos por ousar ingressar nessas áreas científicas, mas a minha impressão é que eles possuem uma noção de povo que talvez ainda falte no Brasil.
Afinal, quando os espanhóis chegaram lá e fizeram aquela devastação toda, os habitantes dos Andes já tinham culturas milenares com conhecimentos avançados, conforme as descobertas arqueológicas vêm demonstrando, enquanto os nativos brasileiros viviam de uma maneira bem rudimentar. Nenhum menosprezo quanto a isto, posto que, a meu ver, toda civilização tem seu momento histórico próprio, em face de circunstâncias ambientais e geográficas.
Andar pelas ruas e praças de Cuzco me causou uma sensação tão agradável que eu me senti como se estivesse em casa. Todas aquelas construções, o semblante das pessoas, os monumentos me deixaram fascinado. Poderia ficar horas simplesmente apreciando tudo aquilo, como num transe espiritual de volta ao passado.
A ida a Machu Picchu, de trem, foi algo inesquecível. A paisagem da janela me era estranhamente familiar. Tivemos o privilégio de visitar a antiga cidade perdida dos incas sem a presença de nenhum turista (além da gente mesmo, é claro), pois a caravana da qual fazia parte (vide texto anterior) tinha cunho oficial e diplomático. Foi uma maravilha simplesmente sentar à sombra de uma árvore e respirar o ar puro daquelas velhas montanhas. 
Outro momento especial aconteceu na fronteira peruana/boliviana, às margens do lago Titicaca, considerado o mais alto do mundo. Em suas águas nasce um junco chamado tótora, que é usado para construir barcos e pequenas ilhas flutuantes, onde moram quatro ou cinco famílias. As raízes servem de base e os caules de solo. De tempos em tempos, novas camadas são adicionadas. Estive numa delas. A planta parece que tem a propriedade de reter calor, porque a mais de 3.800 metros acima do nível do mar tive que tirar os casacos tamanha a quentura.
La Paz, sede do governo da Bolívia, é a capital sul-americana de maior altitude (3.640 metros). O nome completo é Nuestra Señora de La Paz. É outro sítio urbano andino cheio de atrações, fundado em 1548 e que também marca as retinas e memórias dos visitantes. E entre uma cidade maior e outra, as pequenas vilas não escondem seus atrativos, tanto na parte amazônica daqueles países, quanto no planalto andino.
No meio florestal, existe bastante semelhança com os cablocos nortistas de Rondônia, Acre e Amazonas, seja no modo de viver, seja no aproveitamento dos recursos naturais da floresta. Já nas regiões mais altas, muitas casas são de pedras, cobertas de madeira. Outras, como não poderia deixar de ser no terceiro mundo, de barro e palha. As vestimentas são coloridas e alegres, talvez para contrastar com a aridez da região.
No porto de Ilo, em pleno Oceano Pacífico, o litoral é muito cheio de pedras e não foi possível tomar banho, mesmo porque a temperatura não estava das mais altas, principalmente para os padrões de quem vive em Porto Velho. Só molhei as mãos na água.
Espero ter a oportunidade de voltar um dia àqueles locais, principalmente Cuzco e Machu Picchu, e, naturalmente, não só lá, mas em outros países, porque viajar é bom demais. Antes que alguém faça algum comentário, cumpre esclarecer que conheço quase todos os estados brasileiros, o que me dá algum crédito para almejar a América do Sul, Europa, Ásia, Oceânia e adjacências.
Em tempo: minha assessoria está selecionando algumas fotos relativas a estas duas postagens mais recentes para publicação brevemente. Aguardem, ok?


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