Zapeando sem compromisso os canais da
televisão aberta parei um pouco para assistir uma reportagem (desculpe, não
prestei atenção em qual emissora ou programa) sobre uma festa tradicional que
imigrantes portugueses realizam num determinado local do Brasil lembrando a
terra de origem, tudo com muita dança e alimentos típicos.
Uma simpática lusitana entrevistada,
com mais de 40 anos vivendo neste paraíso tropical, em resposta à pergunta
sobre o que mais tinha saudades de Portugal, falou que era o povoado onde
havia nascido e passado a infância e parte da adolescência, em que todos se
conheciam e o sentimento de comunidade era latente.
Continuei a girar os canais, mas
fiquei pensando no assunto, como as nossas raízes são importantes, pois, na
maioria das vezes, lastreiam toda uma vida futura, por conta de vivências,
sentimentos e amizades que perduram por anos.
Fala-se, por exemplo, que, na realidade,
a essência de todas as coisas é una, o micro representa, em escala proporcional,
é claro, o que está contido no macro. No dizer da escola atribuída a Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, sábio egípcio
reverenciado por muitos alquimistas, neoplatônicos e místicos, “o que
está em cima é como o que está embaixo” (Lei da Correspondência – uma das setes
que teriam sido fixadas pelo filósofo no livro Caibalion).
Tudo isso talvez seja muito papo
cabeça, mas exprime, salvo melhor juízo, a relatividade das coisas. Afinal, o
ser humano pode fazer de seu vilarejo – seja o de nascimento, seja o de
residência – o centro de universo. Um amigo mudou-se recentemente para outra
cidade, em outro Estado. Passou a considerar o novo domicílio “o melhor lugar
do mundo”. Por quê? “Ora, porque é lá que estou morando”.
Neste planeta tão grande e com tantos
lugares incríveis, viver numa metrópole de milhões de habitantes ou numa remota
localidade do Círculo Ártico, até mesmo numa pequena ilha escondida no meio do
oceano, talvez nem faça diferença para um homem ou uma mulher obter felicidade,
ter paz interior e entender que fios invisíveis nos mantêm conectados de forma
imperceptível porém permanente.
A dura realidade cotidiana não
favorece muito compreender essa conectividade. Mas a gente querendo ou não, sabendo
ou não, as coisas se movimentam conforme uma organização além da nossa
compreensão. Afinal, o universo não quer saber de nenhuma mazela material, simplesmente
cumpre o seu destino inexoravelmente.
Enquanto isso, tal e qual a saudosa
patrícia, a vida segue, entre uma lembrança e outra, mas sempre em frente, para
que, ao final, tudo se conclua do jeito que é para ser.
Mas que vontade de voltar à terrinha.
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