Estava tudo preparado, e não havia
margem para erro.
Durante três meses guardaram o
dinheiro necessário. A mesada não foi usada para nenhuma outra coisa, a não ser
ficar no porquinho especialmente reservado para esta finalidade. Toda semana
era feita a contagem. A ansiedade crescia na medida em que as notas acumuladas
se aproximavam do valor do qual precisavam.
Para os dois primos seria a maior
aventura já realizada naqueles primeiros quinze anos de vida, em pleno anos 90.
Nada podia ser comparado. Iriam a uma casa de massagens, eufemismo para
designar os modernos pontos de prostituição que, nos grandes centros urbanos,
atendiam homens de todas as faixas etárias.
Já tinham feito uma sondagem inicial
em relação aos custos, e o porteiro garantiu que mediante um ajuda “para a
cervejinha” faria vista grossa ao fato de ambos serem menores de idade. Nem
imaginavam como seria lá dentro, mas somente tinham certeza de uma coisa:
queriam sentir o calor de um corpo feminino, mesmo tendo que pagar para isso.
Na hora aprazada se encontraram na
portaria do prédio de um deles. Com o coração pulando mais do que cabrito novo
iniciaram a caminhada de mais ou menos três quarteirões até a casa de
tolerância. Lá, entregaram ao leão-de-chácara uma “garoupa” e tiveram acesso ao
interior do bordel, onde luzes coloridas meio que escondiam, meio que revelavam o corpo
de uma mulher despida que dançava numa pista de dança improvisada.
Rapidamente, pois tinham sido avisados
que, para evitar um possível flagrante policial, não podiam demorar, acertaram o
programa com duas entediadas garotas de idade indefinida, por conta da pesada
maquiagem, e foram cada um para os seus respectivos quartos, onde, sem muita
experiência, mas com o ímpeto natural da juventude carregada de hormônios, passaram
a conhecer os ditos prazeres da carne.
Tudo resolvido, pagamento realizado,
voltaram à calçada com aquela sensação de que logo iriam querer mais. Antes,
porém, precisavam acertar o que diriam aos pais, já que um dos primos iria
passar a noite na residência do outro. Ficou decidido, assim, que à pergunta
inevitável dos familiares falariam que estavam retornando do cinema.
Quando entraram no apartamento foram
surpreendidos pela dona da casa, que, assistindo a um filme na televisão, estava
espalhada no sofá da sala como se não tivesse outra coisa a fazer na vida a não
ser esperar pela volta dos dois.
- Estão vindo de onde? – foi a
pergunta indesejada.
De supetão, num ato falho que acabou
com tudo o que tinha sido anteriormente combinado, o filho, para desespero do
primo, despejou:
- Mãe, fomos num puteiro!
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