Nada como um bom feriado prolongado
para que os nossos concidadãos, tão afeitos à ordem e à obediência, vide
exemplo maior oriundo do Planalto Central, deixem, literalmente, cair a máscara.
Fazia tempo que não se via tanta gente
neste trecho do litoral capixaba, abençoado por Deus e bonito por Natureza, se
me permite o plágio, grande Jorge Benjor.
Ruas cheias de carros. Calçadas
lotadas de pedestres. Vendedores ambulantes à vontade oferecendo churros,
churrasquinhos, milho verde, doces caseiros, empadinhas e bolinhos diversos,
entre outras iguarias, além, é claro, de refrigerantes, sucos e cervejas.
Máscaras? Coisa do passado.
Distanciamento social? Uma lembrança remota. Na areia da praia, pessoas de
todas as idades confraternizam como se nada estivesse acontecendo. E olhe que
choveu bastante no final de semana, mas quem já veio com o pacote comprado não
vai ficar entocado num quarto de hotel, ou num apertado apartamento de
temporada, esperando o tempo melhorar.
Os restaurantes, bares e pizzarias
viveram dias de glórias, como se estivessem num daqueles verões mega
movimentados. Quem tem o costume de fazer uma saudável caminhada
ao alvorecer precisa se desviar dos entulhos largados pelos nem tão cuidadosos
visitantes, tais como latinhas vazias, canudos, guardanapos, restos de
alimentos e restos diversos, apesar do esforço dos trabalhadores do serviço de
limpeza pública.
Ao entardecer, o footing ao longo do calçadão reúne famílias inteiras, enquanto os proprietários dos quiosques recém abertos após mais de seis meses fechados capricham, e o cheiro facilmente reconhecível de camarão e peroá fritos é carregado pelo vento atraindo os consumidores. Chama a atenção um especialista em malacologia, o ramo da biologia que estuda os moluscos, que oferece a quem possa interessar diversos tipos de conchas grandes (daquelas em que se ouve o som das ondas), estrelas-do-mar e cavalos-marinhos de tamanhos variados.
Dizem que na Europa teme-se uma tal de
segunda onda do coronavírus, mas por aqui se duvidou até da primeira fase,
portanto não é de se estranhar que a rapaziada esteja se achando no direito de
tocar em frente. Tudo bem. Também acho que a vida deve continuar. Mas, sei lá
eu se realmente estamos prontos para a liberação generalizada que presenciei
nos últimos dias?
Não quero ser pessimista, e nem empatar a vibe
de ninguém. Estou sabendo que muita gente precisa trabalhar e ganhar o próprio
sustento. De outro lado, homens e mulheres, sem contar inúmeras crianças, sofrem
com o desgaste emocional de uma vida entre quatro paredes, como se fosse uma “prisão
domiciliar”. Não é o meu caso, porque ficar em casa nunca foi um problema para
mim.
Porém, gostaria que a prudência não fosse
abandonada assim tão repentinamente. Tomara que esteja enganado, e que,
realmente, a pandemia deixou de ser uma preocupação e se tornou, tão somente,
uma página virada da história mundial, apesar de algumas evidências científicas
em contrário. Essa, sem dúvida, será uma grande e excelente notícia.
Enquanto isso, aguardemos o resultado em
relação aos casos (Aumentaram? Diminuíram? Ficaram estáveis?) após esse período de festas, porque
o próximo feriadão não está longe.
Quem viver, verá!
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