Os velhinhos perderam o medo de ser
felizes. Com as caminhadas matinais liberadas no calçadão da praia, idosos e
idosas deixaram a prometida segurança dos respectivos lares e resolveram
arriscar. Às dezenas, sozinhos ou acompanhados, inclusive por seus bichinhos de
estimação, ocupam os espaços disponíveis com a alegria de crianças que ganham
um brinquedo novo.
O uso da máscara é que parece que não
vingou. Uns estão usando; outros, colocam o inédito item da indumentária abaixo
do nariz ou mesmo pendurado no pescoço. A maioria, entretanto, deixa o rosto ao
vento como se o amanhã não importasse. Estão no lucro, por assim dizer,
sobrevivendo após meses de reclusão e assustados pelas notícias de quase 100
mil mortes apenas no Brasil. Nem o frio espanta os madrugadores.
Nesse novo normal, se é que ele existe,
as pessoas acima dos 60 anos de idade se sentem também com o direito de ter
esperanças. Antigamente, cerca de 20 anos atrás, o homem ou a mulher com meio
século virava “tio/tia” dos mais jovens. Hoje em dia, porém, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde, a média de expectativa de vida humana é de 70,5
anos, com mulheres vivendo em média 73 anos e homens aproximadamente 68 anos.
Vê-se, dessa maneira, que nós, os
beneficiários do Estatuto do Idoso, não queremos mais a complacência dos que
têm menos idade ou aquele sentimento de “coitadinho”. Os que são jovens por
mais tempo (60, por exemplo, é 20 três vezes) mantêm vida ativa, mente alerta e
vontade de realizar, independentemente de alguma limitação natural. A
experiência que traz sabedoria e as inovações tecnológicas médicas abriram perspectivas
nunca anteriormente imaginadas.
Continuar trabalhando é a opção de
alguns, enquanto outros buscam no lazer, num passatempo e mesmo no desporto
o jeito de evitar a senilidade. Dizem os especialistas que todo ser tem um
tempo meio que padrão de existência. O cachorro, vive, em média, 15 anos. No
ser humano esse relógio biológico é estimado em 85 anos de idade. Mas não é
difícil perceber, se olharmos ao redor ou compararmos com nossos próprios
familiares, que tem muita gente indo além, sem querer entregar os pontos.
Todos sabemos que a morte é
inevitável, mas ninguém tem pressa em ser atingido por ela. Por isso, mesmo com
alguma dor lombar, ou um joelho travado ou audição curta a turma da Terceira
Idade não quer entregar os pontos e vai à luta com a disposição de um
menino(a).
E amanhã, se não chover, tem caminhada
no calçadão. Com máscara, por favor.
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