quarta-feira, 19 de agosto de 2020

19/08/81

 

          A exemplo de 2020, o dia 19 de agosto do ano de 1981 também foi uma quarta-feira. Há trinta e nove anos. Naquela data, não me lembro exatamente o horário, mas parece que foi na parte da manhã, nasceu, no Hospital São José, em Vitória/ES, minha filha mais velha, Raissa Segovia Pacheco, que deveria ter o sobrenome Poncio (do pai da minha esposa), mas coloquei o da minha sogra.

 

          Diga-se, de passagem, que escolhemos Raissa porque minha irmã havia comentado que quando tivesse uma filha seria esse o nome dela. Mas a minha nasceu primeiro, daí que.....Aliás, até onde me lembro ela teve essa ideia porque leu um livro da poeta e filósofa francesa nascida na Rússia, Raïssa Maritain, de família judia e convertida ao catolicismo.

         

          Eu tinha, na época, 24 anos de idade, com três de casado. Jovem e inexperiente, mas com aquela sensação de “dono do mundo” inerente a quem tem menos de 40. A partir daí alguma coisa mudou. Meu chefe daquele período, por exemplo, me disse, meses depois, que com o nascimento de Raissa me tornei mais responsável e profissional. Acredito que tenha sido verdade. Com certeza, houve uma transformação para melhor.

 

          Ninguém fica impune ao nascimento de um filho ou filha. Aquele pequeno ser esperado por nove meses se torna o centro das atenções de toda a família, principalmente dos avós, o que só descobri vinte e sete anos depois, quando Raissa e o marido dela, Fagner, me presentearam com a primeira neta, Alice. Gerações se sucedendo, conforme acontece desde o início dos tempos.

 

          O grande escritor libanês Gibran Khalil Gibran, em sua obra denominada O Profeta, ensina:

 

Vossos filhos não são vossos filhos. 
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. 
Vêm através de vós, mas não de vós. 
E embora vivam convosco, não vos pertencem. 
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, 
Porque eles têm seus próprios pensamentos. 
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; 
Pois suas almas moram na mansão do amanhã, 
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. 
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, 
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. 
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. 
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força 
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. 
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: 
Pois assim como ele ama a flecha que voa, 
Ama também o arco que permanece estável.

 

Aquele corpo material que o Universo entrega na responsabilidade de um pai e de uma mãe é habitado por um espírito com luz própria. Aos pais cabe cuidar e zelar para que, na idade adequada, a flor contida naquele pequeno ser possa desabrochar e seguir o caminho que lhe cabe, com independência e consciência, pronta para também nortear, tal qual o arco e a flecha de que nos fala Gibran, mais na frente, um novo fruto que brota do amor.

 

Existe aqueles que acreditam no acaso dos acontecimentos. Eu, particularmente, entendo que tudo tem um propósito. Nasci onde nasci, na família a mim determinada por algum motivo. Da mesma maneira, ordens superiores me enviaram as maravilhosas três filhas que tenho. Nós nos merecemos, e precisamos uns dos outros, com nossas tristezas e alegrias, falhas e acertos, mas, acima de tudo, com amor igual a um coração de mãe: sempre cabe mais um.

 

Feliz aniversário, minha querida primogênita. Que Deus esteja sempre presente na tua vida, do teu marido e da tua filha.

 

Te amo!

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