segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Situações vexatórias

 

          Existem coisas que acontecem nas vidas das pessoas que deveriam ser mantidas em segrego de tão constrangedoras, mas sempre tem aqueles gaiatos que fazem de tudo para lembrar momentos difíceis que os outros passaram, como se fosse super engraçado. Aquela máxima: “Pimenta no dos outros é refresco”.

 

          Mas há também pessoas que contam seus perrengues na maior naturalidade, por mais esquisitos que sejam. Tenho um amigo que é assim. Ele tinha uma disfunção intestinal que o pegava desprevenido e costumava lhe deixar, literalmente, com as calças nas mãos. Ouvi-lo narrar suas fétidas aventuras é engraçadíssimo.

 

          Foram diversas as situações, mas vou transcrever somente duas, sem dar nomes aos bois.

 

Na ponte

 

          Eram quatro pessoas dentro de um carro parado, junto com dezenas de outros, num engarrafamento na ponte Rio-Niterói. De repente, atacou a tal vontade incontrolável de fazer o número dois. Quase no desespero, o pobre sofredor desceu do veículo e, em busca de uma solução quase impossível, vislumbrou um ônibus de turismo mais à frente. Correu até lá e bateu na porta, que foi aberta por um surpreso motorista.

 

          Praticamente aos gritos pediu para usar o banheiro interno, pois tratava-se de uma emergência. Sem acreditar muito (até porque os companheiros de viagem dele tinham vindo atrás e estavam filmando tudo no celular, muito “preocupados” com o drama do colega), o motorista disse que não podia liberar o acesso. O banheiro era exclusivo para os passageiros.

 

          Por sorte, o trânsito voltou a fluir e os viajantes conseguiram chegar até um posto de abastecimento, onde o nosso apressado amigo correu até o frentista e pediu a chave do sanitário, sendo informado que o local já estava aberto. Mais alguns metros em velocidade controlada e, enfim, aquele alívio que todos conhecem.

 

No posto policial

 

          O passeio familiar tinha sido uma beleza, e a viagem de volta transcorria com tudo sob controle até que o dito impulso na “porta de saída” apareceu. E com força. Viu que pouco metros à frente havia um posto da Polícia Rodoviária e não quis nem saber. Acelerou, deu aquela freada na frente e entrou correndo no prédio. O policial de plantão, imediatamente, reagiu apontando-lhe a arma e gritando, conforme o treinamento e se vê nos filmes:

 

          - Parado. Mãos na cabeça!

          - Não, não. É uma emergência. Preciso usar o banheiro – respondeu.

 

          Sem entender direito, o homem da lei apontou na direção desejada, onde, mais uma vez, o rapaz que tinha algo frouxo conseguiu resolver o problema.

 

          Na volta, ao agradecer o bom atendimento, percebeu que o policial mantinha a arma ao alcance da mão. Por via das dúvidas.

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