sexta-feira, 10 de julho de 2020

Dia da Pizza



          Acordei e depois daquelas atividades corriqueiras de toda manhã (lavar o rosto, fazer xixi, escovar os dentes) fui dar uma olhada nos sites noticiosos, um hábito matutino também. Entre aquelas informações repetidas e enjoativas, tipo pandemia, política e políticos e desculpas esfarrapadas sobre causas do atraso no auxílio emergencial, vi uma realmente importante: hoje, 10 de julho, é o Dia Nacional da Pizza.

          Pizza, todo mundo sabe, é aquela massa redonda e recheada com queijo, tomate e algumas outras iguarias. Atualmente fazem até uma tal de pizza doce (eca!). A efeméride foi instituída em São Paulo, no ano de 1985, quando o então secretário de Turismo Caio Luiz de Carvalho promoveu um concurso estadual para eleger as dez melhores receitas. O sucesso foi tamanho que ficou determinado que o encerramento do evento, em 10 de julho, ficasse como data oficial para homenagear a pizza.

          Aliás, essa criação egípcia mas, nos tempos mais recentes (século XVI), difundida mundialmente pela culinária italiana a partir da época em que os primeiros tomates foram levados da América para a Europa, recebeu também uma homenagem da Unesco, que elegeu em dezembro de 2017 a "Arte dos Pizzaiolos Napolitanos" como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Em Nápoles, sabe-se, nasceu o formato parecido com as pizzas atuais por Raffaele Esposito, que criou a famosa margherita, nome que lembra a rainha Margherita de Savoia e cujos ingredientes têm as cores da bandeira italiana: verde (manjericão), vermelho (tomate) e branco (mozzarella fresca).

          Bom, essa pequena introdução histórica foi feita tão somente para falar da minha relação com essa delícia. Durante uma época da minha vida eu gostava basicamente de arroz, batata frita e bife. Um dia, em visita à casa de minha Tia Marlene, me deparei com uma pizza que ela havia feito para o lanche de seus dois filhos, meus primos. Perguntado se queria um pedaço, recusei.

          - Por quê? – quis saber minha tia.

          - Não gosto – afirmei, simploriamente.

          - Mas você já provou alguma vez? – indagou.

          - Não – respondi, ligeiramente envergonhado.

          - Então, prove – sentenciou.

          Sem argumentos, resolvi fazer o teste. Quando mordi o primeiro pedaço senti como se tivesse encontrado um maná caído dos céus. Que coisa era aquilo? Como, até então, nunca tinha comido uma pizza? O queijo derretido, a massa crocante, o molho de tomate: impossível, pensei, doravante, ficar sem esse néctar divino. E me tornei, até hoje, fã incondicional.

          Parênteses: Tia Marlene é uma das pessoas mais positivas que conheço. Com ela não tem tempo ruim, enfrentando a dificuldade que for. Toda a vida tem um conselho, uma palavra oriental. Na fazenda do pai dela, no Guaçuí, me causava admiração como ela andava por aquelas estradas, pilotando um Jeep com maestria, numa época em que, preconceituosamente, eu achava que mulher não sabia dirigir. O marido dela, Tio Rogério, irmão do meu pai, é outra figura ímpar. Coincidentemente, encontrei-o nesta data no supermercado. Falei com ele, não me reconheceu, de início, e depois alegou que era por causa da máscara. Uma lista de compras e feliz da vida, aos 93 anos, ainda dirigindo, porque a validade de sua CNH, que venceria em maio, foi prorrogada (aliás, de todas) por conta do isolamento social. Gente boa. Um casal do bem. Fecha parênteses.

          Voltando ao tema inicial dessa crônica.

          Posteriormente, na casa de minha mãe, toda a sexta-feira à noite tinha pizza feita em casa (massa e recheio) por uma empregada doméstica chamada Teresa. Ficou famosa, e motivo de visitas de muitos parentes e amigos. Eram vários tabuleiros, mas todos de muçarela. Gostoso demais. Comia-se muito naquelas noites. E quando sobrava alguma coisa, eu aproveitava no almoço do dia seguinte. Com arroz, me perdoem os puritanos.

          Hoje em dia, por conta da idade e de uma tendência a engordar facilmente, estou maneirando mais, principalmente nestes momentos pandêmicos, onde comer e dormir parecem as únicas alternativas viáveis para quem está de quarentena. Quando subo numa balança pulo fora logo que o ponteiro chega em 80 quilos, que é para não ver o resto.

          Porém, no Dia Nacional da Pizza, acho que posso abrir uma exceção.

Que venha uma de calabresa, sem cebola.

Buon appetito!


         

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