quarta-feira, 15 de julho de 2020

A bola rolou




          Eis que o popular esporte bretão voltou. Pelo menos no já nem tão famoso Campeonato Carioca, mas noticia-se que em outras paragens os clubes também foram autorizados a reiniciarem suas disputas regionais, enquanto aguarda-se a primeira rodada, em agosto, do Brasileirão 2020, o ano que, para alguns, ainda não começou.

          Interesses econômicos, o que não é novidade, colocaram-se acima dos cuidados sanitários. Sem público nas partidas, uma outra disputa de cunho monetário aflorou: quem pode autorizar a transmissão dos jogos? O Governo Federal editou uma polêmica medida provisória que deu às equipes mandantes o direito de negociar com terceiros, ou até mesmo montar sua própria emissora, como já o fizeram Flamengo e Fluminense, a veiculação das imagens.

          Tudo muito bonito, tudo muito certinho. Resta saber se essa era, realmente, uma prioridade nesses tempos ainda pandêmicos. Aquela velha máxima romana do panis et circenses parece passível de aplicação nesse caso concreto, não que eu seja contra o futebol ou o esporte de uma maneira em geral, mas ninguém sabe o que pode acontecer com o retorno aparentemente tão precipitado, dando a impressão de que os jogadores, tal qual os antigos gladiadores, foram lançados à arena e entregues à própria sorte.

          Na Europa, é certo, também foi autorizado o recomeço das principais disputas, com muitas regras sanitárias. Por aqui, a Confederação Brasileira de Futebol preparou uma cartilha com o protocolo de segurança necessário, prevendo, entre outras coisas, o seguinte: portões fechados; uma equipe entrando antes da outra; após o intervalo, a ordem de retorno dos times ao campo se inverte; todos os atletas serão testados 48 horas antes das partidas para evitar o descontrole de contaminação do vírus. 

          Além disso, nada de abraços após um gol e não é permitido cuspir no gramado. Ao final de cada contenda, os atletas não podem tomar banho no vestiário e devem ir para casa em conduções individuais vestindo o próprio uniforme, que serão lavados nas respectivas residências. Na teoria, uma beleza. Porém, nos dois jogos que passaram recentemente (Flu x Fla e Fla x Flu), pelo menos uma regra não foi obedecida fielmente: no momento dos gols ocorreu confraternização para todo o lado. Discretas, mas aconteceram.

          Sabe-se que disciplina, de uma maneira geral, não é o forte do povo brasileiro. Os jogadores, em tese, entram em campo sem sintomas e inexistindo a presença do vírus na corrente sanguínea, assim como as demais pessoas autorizadas à presença física nos estádios (comissão técnica, imprensa, árbitros e outros). Até um dia desses era presumido por alguns setores influenciadores nacionais que o perfil de atleta fosse quase uma imunidade contra a doença, o que, contudo, na prática, se revelou inverídico.

          Enfim, se está havendo forçação de barra ou não somente o tempo dirá. Enquanto isso, me rendo ao espetáculo futebolístico na telinha.

Afinal, ninguém é de ferro – a não ser o Robert Downey Jr.

E daqui do meu sofá, entre uma batatinha ou uma pipoquinha e outra, com a graça de Deus, estou imune ao coronavírus, pois não se tem notícia de contaminação por ondas de rádio ou sinais digitais de satélites.

Então, que role a pelota. E bola na rede, de preferência a favor do meu Mengão.

                   

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