sexta-feira, 15 de maio de 2020

Quebrando promessa




          Eu tinha prometido a mim mesmo que não voltaria a este assunto, mas os acontecimentos dos últimos dias me forçam a escrever novamente sobre o tema mais polêmico do momento: o coronavírus, suas formas de tratamento e jeito de evitá-lo.

          O Sr. Nelson Teich nem esquentou a cadeira no Ministério da Saúde e já jogou a toalha, imprensado que foi pelo chefe para liberar o isolamento social e autorizar, oficialmente, o uso da cloroquina como protocolo governamental para tratamento da covid-19.

          Obviamente, qualquer ser minimamente pensante já percebeu, faz tempo, que as autoridades brasileiras, principalmente as mais importantes, estão fazendo dessa situação um meio de angariar cacife político que possa ser usado como moeda de troca na eleição presidencial de 2022. Incrível, né mesmo?! Gente morrendo e os ditos líderes nacionais trocando ofensas pelas redes sociais.

          Alguns outros menos cotados, que ocupam cargos medianos, fazem da pandemia um meio de driblar as regras de licitações e, se aproveitando das normas excepcionais já autorizadas, estão contratando obras e fazendo compras de suprimentos com apaniguados e conseguindo, digamos, um “agrado”.

Esses dias, um amigo meu, que estava em casa cumprindo a quarentena, foi chamado para limpar a mesa porque o órgão público de sua lotação, repentinamente, estava iniciando uma reforma total do prédio onde está sediado. Coisa absolutamente necessária, imagina-se.

          E o lockdown? Palavrinha do idioma inglês que entrou no cotidiano dos trópicos. Dizem que tem gente pensando até em batizar o filho com esse nome. Pura maldade, se é que a maldade pode ser pura. Quer dizer: depois de mais de dois meses de bloqueio parcial, apesar das manifestações em contrário, não se sabe se espontâneas ou fabricadas, alguns lugares implantam o fechamento total de ruas e comércio. No Brasil, porém, isso parece ficção ou fantasia: no primeiro dia da medida em Belém do Pará, noticiou-se que o Mercado do Ver-O-Peso estava lotado. É para rir ou chorar?

          Finalmente, chegamos à cloroquina, que “é um medicamento usado no tratamento e profilaxia de malária em regiões onde a malária é susceptível ao seu efeito. Em alguns tipos de malária, estirpes resistentes e casos complicados geralmente é necessário administrar outros medicamentos” (Wikipédia). Atualmente, o debate gira em torno de sua eficácia no tratamento e cura do vírus pandêmico.

          Enquanto uns dizem que o fármaco é a panaceia tão esperada, os mais comedidos alegam a inexistência de testes científicos conclusivos. Lá em Porto Velho, onde morei 34 anos e tenho inúmeros amigos(as), me dizem que a quina-quina, vendida por raizeiros, está sendo usada regularmente como preventivo do coronavírus. Se funciona para esse caso específico, não sei, mas, por experiência própria, digo assim: não duvidem da eficiência dos fitoterápicos.

          Dessa maneira, enquanto os homens exercem seus podres poderes, como diria Caetano Veloso, os pobres mortais (e bota mortal nisso) correm atrás do prejuízo, na base do cada um por si e Deus por todos. Aliás, a esta altura do campeonato, acho que o melhor é isso mesmo: liberar geral. Quem quiser ficar em casa, fica. Quem quiser sair, pode sair. Quem quiser ingerir cloroquina, que o faça. Em um mês, ou menos, saberemos quem tem/tinha razão.

          Se sobrar alguém.


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