terça-feira, 22 de outubro de 2019

Se isso...se aquilo...



        Diz o ditado que se arrependimento matasse, muita gente já teria morrido. Eu, inclusive.

        Diuturnamente se escuta alguém afirmar que se tivesse feito isso, a coisa teria sido diferente. Se tivesse feito aquilo, a situação estaria melhor. As pessoas querem justificar situações ou acontecimentos, geralmente os que não são bons, por opções equivocadas. Ledo engano.

        Não existe castigo. Nossas escolhas determinam as consequências. Ação e reação. Tese, antítese e síntese. A aparente desordem do Universo esconde, e mostra, a organização que permeia o que acontece. Tudo é nada. Nada é tudo.

        Milhares de anos atrás, Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) afirmava que "não se pode banhar-se duas vezes no mesmo rio porque nem as águas e nem você permanece o mesmo". O que aconteceu há um minuto já é passado. O que acontecerá no minuto seguinte é futuro. A realidade é o presente.

        Assim, o caminho que é trilhado deve ser muito bem preparado. Devagar se vai ao longe, ensina a sabedoria popular. E mais: toda longa caminhada começa com o primeiro passo, pensamento filosófico ora atribuído a Buda e ora dito ser de autoria de Lao Tsé.

        Mas isso (quem disse) é o menos importante. O interessante é a gente conseguir se conectar com esse caos/ordem para, através da expansão da nossa consciência, alcançar o verdadeiro, a meu ver, sentido da vida: paz.

    Por mais sem lógica que a natureza possa, às vezes, parecer é absolutamente impressionante como, a cada dia, se descobre a conexão que integra tudo quanto existe. O devir, esse fluxo permanente, movimento ininterrupto, atuante como uma determinação geral do universo, que dissolve, cria e modifica todas as realidades existentes, é prova maior da existência de uma força criadora e superior.

Lavoisier, há mais de 200 anos, exarou a sua famosa lei natural: “Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".

        E o ser humano, parte integrante e principal dessa harmonia universal, apesar de tentar, pelo menos alguns, bagunçar com o coreto, está começando a chegar à conclusão de que ao contrário de procurar atrapalhar é imprescindível que dê curso à ordem natural das coisas, pois, mesmo que ainda não saiba ou sinta,o Universo, com certeza, está evoluindo como deveria” (Desiderata, Max Ehrman).

        Portanto, para não chegar ao fim da vida com o coração carregado de sentimentos atribuídos ao “se isto...se aquilo...”, ou até ver nos outros os entraves que foram enfrentados, sem soluções eventualmente alcançadas, é melhor encarar o mundo de frente, sabendo que “o dia de amanhã cuidará de si mesmo” (Sermão da Montanha).

Assim, em equilíbrio permanente, podemos ser um só no todo infinito.

       

       

       

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