Peixinhos
do mar
Na Rua 7 de Setembro, em Vitória,
perambulava um homem chamado Américo Rosa. Ele dormia nas oficinas do extinto
jornal O Diário.
Nós – eu, meu pai, minha mãe e irmãos –
morávamos na casa de número 407, próximo ao citado matutino.
Aqui e acolá a gente via Américo Rosa
com seu jeito maltrapilho e pedindo esmola. Repetia sem parar um refrão que
dizia assim: “Os peixinhos do mar, vêm pra areia sambar”.
Nunca tive problemas com ele, mas minha
irmã caçula morria de medo de sair sozinha, porque a solitária figura
folclórica daquele trecho ao pé do morro da Fonte Grande, sempre que a via se aproximava
e pedia para segurar na mão dela. Ficava uns momentos, em silenciosa
contemplação. Não era violento e nem fazia nada demais. E seguia cantando: “Os
peixinhos do mar, vêm pra areia sambar”.
Poeminha
Pequeno versinho recebido num sonho:
Eu faço arte, eu sou tímido
E nesse gagaga todo
Esse caso nasceu através de um sorriso
Folclore
Por falar em poesia, Guarapari também
tinha (ou tem) as suas figuras peculiares. Aliás, me parece que todas as cidades possuem,
né mesmo!?
Não recordo o nome da pessoa (meu pai,
que foi quem me passou essa informação, me disse, mas não estou lembrado), mas
ele também cantarolava uma música própria. Andava pelas praias centrais entoando: “Guarapari
tem um boi que sabe ler, balança o rabo, mas não sabe escrever”.
Dizem que ficava ajudando os
motoristas a estacionarem os carros. Fazia sinais com a mão
garantindo: “Pode vir, pode vir”. De repente, num impacto inesperado, o veículo
acertava algum obstáculo, seja uma árvore ou outro carro, e o indigitado “manobrista”
saía correndo gritando: “Bateu, bateu!”
Se é verdade, não sei. Só estou vendendo
o peixe do jeito que me passaram.
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