segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Rapidinhas 2



Peixinhos do mar

        Na Rua 7 de Setembro, em Vitória, perambulava um homem chamado Américo Rosa. Ele dormia nas oficinas do extinto jornal O Diário.

        Nós – eu, meu pai, minha mãe e irmãos – morávamos na casa de número 407, próximo ao citado matutino.

        Aqui e acolá a gente via Américo Rosa com seu jeito maltrapilho e pedindo esmola. Repetia sem parar um refrão que dizia assim: “Os peixinhos do mar, vêm pra areia sambar”.

        Nunca tive problemas com ele, mas minha irmã caçula morria de medo de sair sozinha, porque a solitária figura folclórica daquele trecho ao pé do morro da Fonte Grande, sempre que a via se aproximava e pedia para segurar na mão dela. Ficava uns momentos, em silenciosa contemplação. Não era violento e nem fazia nada demais. E seguia cantando: “Os peixinhos do mar, vêm pra areia sambar”.

Poeminha

        Pequeno versinho recebido num sonho:

        Eu faço arte, eu sou tímido
       
        E nesse gagaga todo

        Esse caso nasceu através de um sorriso

Folclore

       Por falar em poesia, Guarapari também tinha (ou tem) as suas figuras peculiares. Aliás, me parece que todas as cidades possuem, né mesmo!?

     Não recordo o nome da pessoa (meu pai, que foi quem me passou essa informação, me disse, mas não estou lembrado), mas ele também cantarolava uma música própria. Andava pelas praias centrais entoando: “Guarapari tem um boi que sabe ler, balança o rabo, mas não sabe escrever”.

     Dizem que ficava ajudando os motoristas a estacionarem os carros. Fazia sinais com a mão garantindo: “Pode vir, pode vir”. De repente, num impacto inesperado, o veículo acertava algum obstáculo, seja uma árvore ou outro carro, e o indigitado “manobrista” saía correndo gritando: “Bateu, bateu!”

Se é verdade, não sei. Só estou vendendo o peixe do jeito que me passaram.



       

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