segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O globo terrestre




Me dei de presente um pequeno globo terrestre, de cinco centímetros de diâmetro.

Eu possuo grande atração pelas ciências humanas, com especialidade geografia e história. Comprei um Atlas apenas para ficar folheando e ver os mapas dos países e dos continentes. Tenho por predileção ler biografias.

Até hoje sinto vontade de fazer um mestrado nessa área, mas a coragem ainda não chegou.

Nesses tempos em que os terraplanistas estão divulgando amplamente as suas teses (as redes sociais aceitam tudo), e que, segundo pesquisas, mais de 10 milhões de brasileiros acreditam nesta hipótese, a esfericidade da Terra é questionada sem que, a meu ver, os argumentos apresentados afastem a sua veracidade.

Deixo esse debate para os especialistas. Quero me ater, tão somente, a falar um pouco do tamanho e da diversidade desse mundão de meu Deus.

Olhando o pequeno globo em cima da mesa é possível ter uma noção dessa dimensão. Existem lugares que ainda não tinha nem ouvido falar, como a Ilha Gough, que pertence ao Reino Unido e fica próxima às Ilhas Falkland (ou Malvinas), no Oceano Atlântico. O que os súditos da rainha Elizabeth II querem com esse pedaço de terra tão distante de casa?

Outra: no Oceano Índico situa-se a Ilha Kerguelen, que faz parte da França. Mais abaixo encontra-se a Ilha Mc Donald, que está sob o domínio da Austrália. Já no Oceano Pacífico, os Estados Unidos detêm o controle das Marianas do Norte. No Caribe, entre outras, localizam-se as Ilhas Virgens Britânicas e as Ilhas Virgens Americanas. Imagino que há mais, pois nem todas devem estar relacionadas na minha minúscula esfera.

Enfim, aponta-se a existência entre 193 a 206 países soberanos, dependendo de quem faz a conta, se a Organização das Nações Unidas ou o Comitê Olímpico Internacional, por exemplo. Uma vida toda talvez não seja possível para conhecer fisicamente esses lugares.

São milhares de praias, montanhas, vales, rios e florestas cada uma mais bonita que a outra. Incontáveis animais, pássaros, insetos e répteis. E, também, costumes e manifestações artísticas inimagináveis para quem está distante.

Povos que podem ter, entre si, semelhanças culturais, físicas, ideológicas e religiosas, mas que denotam, também, traços sociais próprios. Em alguns casos, opta-se por salientar as diferenças, advindo daí, a meu ver, os confrontos políticos.

Vi com bons olhos, à distância e apenas com a compreensão de uma pessoa comum, a União Europeia, hoje combatida pela Inglaterra. Tenho a compreensão de que as pessoas, sem as quais não existiriam territórios nacionais, devem se unir pela igualdade. Sonhar com um mundo sem fronteiras ainda é um tanto utópico, mas nada nos impede de pensar dessa maneira. Imagino que nos primórdios da humanidade era assim.

Acredito que o salto tecnológico que vivemos, trazendo inúmeras facilidades ao cotidiano humano, tende a nos aproximar, eliminando diferenças de idiomas e derrubando fronteiras. Afinal, “pátria”, com todo o seu apelo emocional, pode ser substituída por “irmãos” e “irmãs”, independentemente de raça, credo ou cor.

Todos somos gerados e nascemos da mesma maneira. Tanto faz ser europeu, americano, asiático ou africano que vivemos e morremos de forma semelhante, seja rico ou pobre. Sentimos as mesmas coisas, com reações físicas de fome, frio ou calor, emoções de tristeza ou alegria idênticas.

Por quê, então, o mundo não pode ser um só, sem divisões territoriais? Somos hoje cerca de 7,7 bilhões de habitantes (dados estimados para abril/2019). A ONU prevê que seremos 11,2 bilhões em 2100. É muita gente, com tendência de crescimento. Haverá espaço para todos?

Sim, mas somente se a paz for instalada, porque, em caso contrário, nesse formigueiro de gente, quem vai querer sair de casa para ficar esbarrando com as pessoas na rua? Daí a minha crença que quanto mais o tempo passa, mais caminhamos para a igualdade, apesar de aparências em sentido contrário.

Quem viver, verá!



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