segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Rotina


 

        Acordar. Abrir os olhos. Levantar.

 

        Encarar o espelho. Lavar o rosto. Necessidades fisiológicas.

 

        Cumprimentos. Café. Agenda.

 

        Sair. Voltar. Banho.

 

        Almoço. Soneca. Trabalhar.

 

        Jantar. Remédios. Leituras.

 

        Televisão. Escrever. Dormir.

 

        Quando não há surpresas (visitas dos netos, por exemplo), ou aqueles compromissos que não são diários (academia, médicos, supermercado, igreja), essa é a simples rotina de um cidadão brasileiro, idoso, com sobrepeso e ainda com planos a realizar.

 

        Ouço alguns jovens, principalmente casais, reclamando  do suposto enfado da rotina, do tédio de fazer sempre a mesma coisa, dos problemas que isso causa num relacionamento. Confesso que mesmo 20 anos atrás não sentia isso. O melhor lugar do mundo para mim é minha casa, minhas pequenas manias e meu cantinho com cada coisa em seu devido lugar.

 

        Vejam o Sol, que cumpre sua missão celestial sem atrasos ou falhas, nascendo e se pondo regularmente. Infalível. As estações do ano, que se repetem ao tempo e hora nos termos regulamentares. O movimento das marés, cuja forma incessante e contínua se torna tão previsível que se sabe a hora certa do preamar e da baixa-mar.

 

        Não sou contra aqueles que buscam sempre uma novidade, mas acho que não se deve desprezar o dia a dia comum, principalmente dos milhões de trabalhadores que cumprem jornadas exaustivas, com horas de deslocamento de casa, na ida e na volta ao final do expediente.

 

        Simplicidade não é mediocridade. Se contentar com pouco não é ter a visão pequena. Conforme diria o ainda atual escritor russo Leon Tolstói, “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. O macro e o micro interligados numa só unidade. O início e o fim num círculo infinito. A paz que a calma traz.

 

        Acordar. Viver. Dormir.

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