Um amigo mais novo do que eu me contou
que revirando velhos guardados numas caixas que a mãe dele ainda tinha
escondidas num canto de armário encontrou uma ficha de avaliação estudantil
solicitada pela professora do jardim de infância/creche para que fosse
preenchida pelos pais.
Eram perguntas tipo “socializa com
facilidade?”, “boa locomoção motora?”, “se alimenta bem?” e outras similares.
Isso aos três anos de idade. Para responder era só fazer um xis numa das
opções: ótimo, bom e regular. Duas questões, porém, lhe chamaram a atenção.
Uma queria saber se “fazia uso correto
do sanitário?” Um enorme xis vermelho destacou “ótimo”. Logo abaixo, o questionário
indagava: “Tem amizade com Jesus?” A resposta foi “bom”.
Intrigado, ele quis saber da avaliadora
qual o critério para tal conclusão, ou seja, porque a amizade com Jesus era
menos qualificada que a capacidade que tinha de usar os equipamentos de higiene. Sem
titubear, a mãe do meu camarada respondeu enfaticamente:
- Na certa porque você cagava mais do
que rezava.
Uma sinceridade materna comovente.
Outro episódio interessante envolvendo
esse brother acontecia quando ia comprar alguma coisa a pedido de sua
genitora. Naquela época, esses pequenos negócios eram no dinheiro vivo. Indo até
ao armazém adquirir, por exemplo, açúcar, ele esquecia o troco. Toda vez que ia
comprar alguma coisa, voltava sem o troco.
Um dia, cansado daquela situação, foi
andando de casa até o comércio próximo firmando o pensamento de que tinha que
trazer o troco, não podia esquecer o troco, lembrar de trazer o troco. Na
volta, com a sensação do dever cumprido, despejou as moedas em cima da mesa e
exclamou de peito estufado:
- Pronto, mãe, aí está o troco.
Mas o mundo desabou logo em seguida:
- E cadê o feijão que eu mandei
comprar?
Não é fácil a vida de uma criança.
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