quarta-feira, 2 de março de 2022

Só rindo

 


         Um amigo mais novo do que eu me contou que revirando velhos guardados numas caixas que a mãe dele ainda tinha escondidas num canto de armário encontrou uma ficha de avaliação estudantil solicitada pela professora do jardim de infância/creche para que fosse preenchida pelos pais.

 

         Eram perguntas tipo “socializa com facilidade?”, “boa locomoção motora?”, “se alimenta bem?” e outras similares. Isso aos três anos de idade. Para responder era só fazer um xis numa das opções: ótimo, bom e regular. Duas questões, porém, lhe chamaram a atenção.

 

         Uma queria saber se “fazia uso correto do sanitário?” Um enorme xis vermelho destacou “ótimo”. Logo abaixo, o questionário indagava: “Tem amizade com Jesus?” A resposta foi “bom”.

 

         Intrigado, ele quis saber da avaliadora qual o critério para tal conclusão, ou seja, porque a amizade com Jesus era menos qualificada que a capacidade que tinha de usar os equipamentos de higiene. Sem titubear, a mãe do meu camarada respondeu enfaticamente:

 

         - Na certa porque você cagava mais do que rezava.

 

         Uma sinceridade materna comovente.

 

         Outro episódio interessante envolvendo esse brother acontecia quando ia comprar alguma coisa a pedido de sua genitora. Naquela época, esses pequenos negócios eram no dinheiro vivo. Indo até ao armazém adquirir, por exemplo, açúcar, ele esquecia o troco. Toda vez que ia comprar alguma coisa, voltava sem o troco.

 

         Um dia, cansado daquela situação, foi andando de casa até o comércio próximo firmando o pensamento de que tinha que trazer o troco, não podia esquecer o troco, lembrar de trazer o troco. Na volta, com a sensação do dever cumprido, despejou as moedas em cima da mesa e exclamou de peito estufado:

 

         - Pronto, mãe, aí está o troco.

 

         Mas o mundo desabou logo em seguida:

 

         - E cadê o feijão que eu mandei comprar?

 

         Não é fácil a vida de uma criança.

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