Madrugada insone (mais uma) e a procura
do que fazer entre o quarto e a sala em busca de inspiração.
A geladeira não oferece muitas alternativas
alimentares, além de pedaços de frango sobrados do almoço. Pão com queijo, melhor
guardar para o café da manhã. Um pacote pequeno de batatas fritas parece ser a mais
adequada e menos trabalhosa opção, considerando o adiantado da hora.
Na TV, Wesley Snipes
distribui tiros e socos à vontade no filme O Detonador. Termina fugindo
com a mocinha/bandida (interpretada pela atriz italiana Silvia Colloca) e 30 milhões de dólares. Nada mau. “O Negão é
bom”, afirma, entre uma cochilada e outra, minha mulher, que, nessas ocasiões
notívagas, geralmente assiste o início e o final da película, o que, não raras
vezes, é suficiente para se entender o roteiro. Hollywood não é mais o mesmo.
Da janela é
possível avistar a quase fria claridade matutina outonal se avizinhando no
horizonte. Sono encostando nos lombos e a cama convidando para o repouso. Dormi.
Pouco mais
de duas horas depois, já com os raios solares invadindo o ambiente (preciso me
lembrar de usar as cortinas), eis me novamente fazendo o que repito rotineira e
incansavelmente, em primeiro lugar, todas as vezes em que acordo: abri os
olhos.
Calmamente,
como se não devesse nada nem a Deus e nem ao mundo, espreguicei e sentei-me na beirada
do colchão (dizem que é bom fazer isso: não se levantar de uma vez).
Finalmente, após uns minutos de reflexão, coloquei os pés no chão. Fiz minhas
orações e retomei o impasse filosófico da noite anterior daquele silogismo de
premissa única (se é que existe) e ainda necessitando de uma conclusão: o que
fazer?
Ver os sites
noticiosos? Nem pensar. Já deu o que tinha que dar tanta (des)informação
sobre o novo (nem tão novo assim, atualmente) coronavírus. Aliás, diga-se de
passagem, parece que ainda nesse mês de abril chegará a vez da minha faixa
etária ser vacinada contra a COVID. Sem medo de virar jacaré, vou oferecer o
braço à imunizadora que estiver de plantão no momento e guardarei o cartão para
mostrar aos meus netos(as): crianças, sou um sobrevivente.
O mar, indiferente
a toda essa problemática existencial, mantém o ritmo de sempre, indo e vindo
vindo e indo, umedecendo a areia da praia com a espuma rendada e branca das
ondas. Quem sabe uma caminhada no calçadão possa clarear minhas ideias!? Mas o
dever me chama: comprar pão, determina o poder superior mundano do reino que
chamo de lar. Como dizem os antigos: manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Ai, ai. É tempo
de murici, cada um cuide de si, diria o Coronel Tamarindo, personagem
euclidiano de Os Sertões.
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