sábado, 3 de abril de 2021

São todas essas coisas...

 


         Madrugada insone (mais uma) e a procura do que fazer entre o quarto e a sala em busca de inspiração.

 

         A geladeira não oferece muitas alternativas alimentares, além de pedaços de frango sobrados do almoço. Pão com queijo, melhor guardar para o café da manhã. Um pacote pequeno de batatas fritas parece ser a mais adequada e menos trabalhosa opção, considerando o adiantado da hora.

 

         Na TV, Wesley Snipes distribui tiros e socos à vontade no filme O Detonador. Termina fugindo com a mocinha/bandida (interpretada pela atriz italiana Silvia Colloca) e 30 milhões de dólares. Nada mau. “O Negão é bom”, afirma, entre uma cochilada e outra, minha mulher, que, nessas ocasiões notívagas, geralmente assiste o início e o final da película, o que, não raras vezes, é suficiente para se entender o roteiro. Hollywood não é mais o mesmo.

 

         Da janela é possível avistar a quase fria claridade matutina outonal se avizinhando no horizonte. Sono encostando nos lombos e a cama convidando para o repouso. Dormi.

 

         Pouco mais de duas horas depois, já com os raios solares invadindo o ambiente (preciso me lembrar de usar as cortinas), eis me novamente fazendo o que repito rotineira e incansavelmente, em primeiro lugar, todas as vezes em que acordo: abri os olhos.

 

         Calmamente, como se não devesse nada nem a Deus e nem ao mundo, espreguicei e sentei-me na beirada do colchão (dizem que é bom fazer isso: não se levantar de uma vez). Finalmente, após uns minutos de reflexão, coloquei os pés no chão. Fiz minhas orações e retomei o impasse filosófico da noite anterior daquele silogismo de premissa única (se é que existe) e ainda necessitando de uma conclusão: o que fazer?

 

         Ver os sites noticiosos? Nem pensar. Já deu o que tinha que dar tanta (des)informação sobre o novo (nem tão novo assim, atualmente) coronavírus. Aliás, diga-se de passagem, parece que ainda nesse mês de abril chegará a vez da minha faixa etária ser vacinada contra a COVID. Sem medo de virar jacaré, vou oferecer o braço à imunizadora que estiver de plantão no momento e guardarei o cartão para mostrar aos meus netos(as): crianças, sou um sobrevivente.

 

         O mar, indiferente a toda essa problemática existencial, mantém o ritmo de sempre, indo e vindo vindo e indo, umedecendo a areia da praia com a espuma rendada e branca das ondas. Quem sabe uma caminhada no calçadão possa clarear minhas ideias!? Mas o dever me chama: comprar pão, determina o poder superior mundano do reino que chamo de lar. Como dizem os antigos: manda quem pode, obedece quem tem juízo.

 

         Ai, ai. É tempo de murici, cada um cuide de si, diria o Coronel Tamarindo, personagem euclidiano de Os Sertões.

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