Pois é. Não deu para quem quis.
Menos de meia depois que foi aberto o
agendamento para vacinação contra a COVID-19 na faixa etária de 60 a 64 anos as
mil vagas, ou doses, existentes foram todas ocupadas. Fiquei a ver navios.
Anuncia-se que brevemente novos lotes
chegarão, e aqueles que não foram atendidos nessa primeira vez serão, então,
contemplados. Deus permita. Já estava até imaginando se iria fazer um vídeo ou
somente uma fotografia quando o imunizante fosse suavemente inoculado no meu
braço (esquerdo ou direito, eis a questão?).
Enfim, o jeito agora é esperar. É incrível
como o jogo político de transferência de responsabilidades afeta tão
diretamente a vida do cidadão comum, ainda mais em momentos emergenciais. No ano
passado, alguém disse que iria comprar vacinas “se houvesse demanda”, como se
toda a população fosse negacionista.
Nem mais essa parcela do povo
brasileiro, diminuindo com a velocidade de um avião a jato, está tão crédula
assim de que o coronavírus seja tão somente “uma gripezinha”, pois cada vez que
morre um parente, um amigo ou mesmo mero conhecido fica mais difícil evitar
aquela sensação de que o bicho pode pegar, daí que, na dúvida cruel, é melhor
correr para o posto de saúde mais próximo e tomar a vacina, seja ela chinesa,
inglesa ou brasileira.
As estruturas ferruginosas das
instituições nacionais precisam, urgentemente, de um banho de vinagre e do uso
de lixa ferro na granulação 20, no mínimo, para que a craca acumulada ao longo
de anos, ou talvez séculos, possa ser, finalmente, removida de uma vez por
todas. É trabalho árduo, provavelmente incapaz de ser realizado pela minha
geração.
Brincam presidente, próceres jurídicos,
senadores e deputados com a propalada, e nem sempre comprovada, cordialidade do
cidadão desse país tropical. A tal da CPI da Pandemia nem bem foi instalada e
já virou motivo de piada. A discussão atual é se ela pode ser virtual ou
somente deve funcionar presencialmente. Quer dizer: estão de sacanagem. Vai
acabar em pizza, mais uma vez.
Porém, como eu não tenho nada com isso,
me limito a fazer esse desabafo. Melhor aproveitar o tempo com coisas mais
aprazíveis, tipo apreciar a incrível serenidade do mar nessas manhãs amenas de
outono. Com a maré baixa, quase não se vê ondas e a água esverdeada toma a
forma de um sereno lago andino a convidar para um mergulho renovador.
Mas quando a vacina chega mesmo? Estou
na fila.
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