Parece
que minha hora está chegando. Não, calma, sem sustos. Estou falando do momento
em que vou ser vacinado contra o novo coronavírus. É.....em breve será a vez da
faixa etária do pessoal com mais de 60 e até 64 anos de idade receber a tão esperada vacina.
Minha digníssima patroa, conforme se
dizia outrora (parênteses: quem fala assim revela DNA – Data de Nascimento
Antiga), foi imunizada uns dois dias atrás (ela tem mais de 65 anos), com uma
dose de um lote da AstraZeneca. A segunda etapa será em junho.
Confesso que estou na maior expectativa
de, finalmente, poder ter uma esperança pessoal renovada em relação ao controle
dessa pandemia. Que eu saiba, ninguém que foi vacinado, no Brasil e no mundo,
virou jacaré. Pelo menos, até aqui. Tudo bem, por essas bandas tem muita lagoa.
Brincadeiras à parte, espero que um
mínimo de consciência esteja cobrindo nossos abnegados governantes, que deixem
de lado diferenças pessoais e políticas e invistam seriamente na compra e
produção de imunizantes para que a tão propalada imunidade do rebanho seja
alcançada o mais rapidamente possível.
Vivemos um dilema atroz: restrições de
mobilidade social causam desemprego, fome e abalos econômicos. Nenhum controle
ou deficiência nas regras sanitárias de isolamento social mostram o outro lado
também perverso dessa mesma moeda: aumento dos casos, hospitais lotados e
mortes em descontrole. Tristes trópicos, poderia dizer o antropólogo e filósofo
francês Claude Lévi-Strauss.
Os argumentos em favor de uma ou de
outra medida são muitos, cada vez mais acirrados. O pobre noticiário midiático,
com enfoque limitado à tragédia e aos caos, revela brigas entre pessoas por
causa do uso (ou não uso) de máscara. Festas clandestinas são interrompidas às
dezenas. No nosso povo, tão criativo, tem aqueles (claro, não poderia
faltar) que vendem soro fisiológico como se fosse vacina até em porta de
supermercado. A 400/600 reais a aplicação. E há quem compre. Sem contar os
casos de fura-filas.
Seria cômico se não fosse trágico. Mas
essa é a dialética existencial da vida e da morte. Nessas horas, aflora o
instinto animal da sobrevivência e os egoístas, que não sabem o que é vida em
coletividade e são adeptos do “farinha pouca, meu pirão primeiro”, se lançam
vorazes a campo para garantir seu suposto direito prioritário em relação aos
demais habitantes dessa Pindorama, que vive dias de desvarios, onde a luz que
se avista ao final do túnel não se sabe se é a saída ou o trem que está vindo.
Fico com a primeira hipótese.
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