O dia tinha acabado de começar quando
uma nuvem cinzenta de tristeza cobriu a manhã ensolarada com a notícia vinda de
Manaus de que mais uma amiga tinha sido ceifada pela COVID-19.
Aos 62 anos de idade, Francinete de Menezes
da Silva, arquiteta e urbanista, depois de uma longa batalha contra o
coronavírus, foi elevada ao plano espiritual, deixando para trás esse mundo de
sofrimento, onde João, o marido, e os filhos, netos e amigos ficaram buscando
conformação para permanecerem pelejando.
Deus sabe o que faz, é o dito popular
muito usado em momentos como esse. Sem dúvida, Deus sabe o que faz. Nós, porém,
é que, às vezes, temos dificuldades para entender os desígnios Dele, principalmente
quando somos atingidos por perdas de seres queridos.
Já nem sei dizer, nesse período
pandêmico de um ano, quantas foram as pessoas próximas que desencarnaram. Que
época sombria. Até quando ainda teremos que suportar essa incerteza? Se vamos
sucumbir também ou seremos sobreviventes?
Nessa batalha insana, a esperança da
vacina permanece uma incerteza, não tanto pela dúvida quanto à sua eficácia,
mas, principalmente, porque nesse pedaço de mundo abaixo da linha do Equador
tudo pode acontecer, inclusive faltar o imunizante, como faltou oxigênio
hospitalar.
Será que a incúria governamental está prevista
no pacote divino? É o instrumento necessário para que as coisas se cumpram? Ou
tem gente morrendo de graça? Difícil dizer. Infelizmente, o coração humano tem
facilidade para arrumar culpados, tentando, com isso, amenizar o sofrimento. Se
soubéssemos de tudo, seria muito mais fácil.
Mas, o tempo, remédio para todos os males,
haverá de trazer as respostas.
Enquanto isso, fiquemos com esses belos versos
do poeta Carlos Drummond de Andrade:
“Entre as desesperanças da hora e à falta de
melhores notícias, venho informar-lhes que nasceu uma orquídea...”
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