segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Tempos difíceis

 


          O dia tinha acabado de começar quando uma nuvem cinzenta de tristeza cobriu a manhã ensolarada com a notícia vinda de Manaus de que mais uma amiga tinha sido ceifada pela COVID-19.

 

          Aos 62 anos de idade, Francinete de Menezes da Silva, arquiteta e urbanista, depois de uma longa batalha contra o coronavírus, foi elevada ao plano espiritual, deixando para trás esse mundo de sofrimento, onde João, o marido, e os filhos, netos e amigos ficaram buscando conformação para permanecerem pelejando.

 

          Deus sabe o que faz, é o dito popular muito usado em momentos como esse. Sem dúvida, Deus sabe o que faz. Nós, porém, é que, às vezes, temos dificuldades para entender os desígnios Dele, principalmente quando somos atingidos por perdas de seres queridos.

 

          Já nem sei dizer, nesse período pandêmico de um ano, quantas foram as pessoas próximas que desencarnaram. Que época sombria. Até quando ainda teremos que suportar essa incerteza? Se vamos sucumbir também ou seremos sobreviventes?

 

          Nessa batalha insana, a esperança da vacina permanece uma incerteza, não tanto pela dúvida quanto à sua eficácia, mas, principalmente, porque nesse pedaço de mundo abaixo da linha do Equador tudo pode acontecer, inclusive faltar o imunizante, como faltou oxigênio hospitalar.

 

          Será que a incúria governamental está prevista no pacote divino? É o instrumento necessário para que as coisas se cumpram? Ou tem gente morrendo de graça? Difícil dizer. Infelizmente, o coração humano tem facilidade para arrumar culpados, tentando, com isso, amenizar o sofrimento. Se soubéssemos de tudo, seria muito mais fácil.

 

          Mas, o tempo, remédio para todos os males, haverá de trazer as respostas.

 

Enquanto isso, fiquemos com esses belos versos do poeta Carlos Drummond de Andrade:

 

“Entre as desesperanças da hora e à falta de melhores notícias, venho informar-lhes que nasceu uma orquídea...”

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