Diz um amigo meu que quando ele morava
em Vitória considerava aquela cidade “o melhor lugar do mundo para se viver”.
Agora que está residindo em Indaiatuba, transferiu para aquele aprazível
lugarejo localizado no Estado de São Paulo o epíteto qualificador de sua
preferência urbanística.
Sem dúvida, não deixa de ser
interessante a capacidade que o ser humano tem para se adaptar às
circunstâncias cotidianas, ou buscar um jeito para ver as coisas sempre pelo
melhor ângulo.
Muitos são os lugares que existem no
Planeta Terra, para não dizer milhares, que chamam a atenção por
características especiais. Podem ser pontos específicos e afamados, tais como a
Torre Eiffel, o Cristo Redentor, o Taj Mahal, a Estátua da Liberdade e dezenas
de outros mais, construídos ou não pela mão humana.
Entretanto, cada pessoa merece ter um
cantinho nesse mundão de meu Deus que guarda para sempre na memória ou no
coração. Um pequeno sítio, por exemplo, escondido num vale entre montanhas, tem
mais significado afetivo para seu morador do que um ponto turístico visitado uma
única vez sem se prestar muita atenção.
Esses dias, por exemplo, vi uma coisa
que não tinha reparado ainda numa manhã de sábado na feira, onde estive tantas vezes. Por trás das barracas
dos feirantes, as embarcações dos pescadores, com suas cores exuberantes e em
diversos tons, tranquilamente fundeadas, se destacavam no canal, tendo, mais
atrás, a vegetação ainda preservada dos manguezais. Ao fundo, ocupando toda a
linha do horizonte, a Serra do Mar dominava o visual límpido de um céu azul e
sem nuvens.
Num relance, pareceu-me uma
pintura paisagística, ao estilo dos grandes mestres do gênero, tais como Monet,
Debret, Cézanne, Canaletto, Rugendas e inúmeros outros. Na verdade, porém,
trata-se mais do que isso, pois, com exceção dos barcos, todos os demais
componentes do cenário que me encantou por um instante são obras da Natureza.
O homem, enquanto espécie, é
extremamente criativo, mas jamais conseguirá superar a perfeição do trabalho incomparável
contido numa flor, numa pequena praia cercada de pedras ou na combinação
perfeita das penas dos pássaros, por exemplo. Sem dúvida, “é divinal tanta
beleza/que nos faz extasiar/só Deus, o Grande Arquiteto, construiria com afeto
um paraíso pra nos dar” (O Grande Arquiteto, composição de Joaquim
Borges e sucesso na voz de Ary Lobo).
Tenhamos olhos para ver além, e
descortinar o belo nessas pequenas coisas que enchem nosso coração de amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário