segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Belezas

 


          Diz um amigo meu que quando ele morava em Vitória considerava aquela cidade “o melhor lugar do mundo para se viver”. Agora que está residindo em Indaiatuba, transferiu para aquele aprazível lugarejo localizado no Estado de São Paulo o epíteto qualificador de sua preferência urbanística.

 

          Sem dúvida, não deixa de ser interessante a capacidade que o ser humano tem para se adaptar às circunstâncias cotidianas, ou buscar um jeito para ver as coisas sempre pelo melhor ângulo.

 

          Muitos são os lugares que existem no Planeta Terra, para não dizer milhares, que chamam a atenção por características especiais. Podem ser pontos específicos e afamados, tais como a Torre Eiffel, o Cristo Redentor, o Taj Mahal, a Estátua da Liberdade e dezenas de outros mais, construídos ou não pela mão humana.

 

          Entretanto, cada pessoa merece ter um cantinho nesse mundão de meu Deus que guarda para sempre na memória ou no coração. Um pequeno sítio, por exemplo, escondido num vale entre montanhas, tem mais significado afetivo para seu morador do que um ponto turístico visitado uma única vez sem se prestar muita atenção.

 

          Esses dias, por exemplo, vi uma coisa que não tinha reparado ainda numa manhã de sábado na feira, onde estive tantas vezes. Por trás das barracas dos feirantes, as embarcações dos pescadores, com suas cores exuberantes e em diversos tons, tranquilamente fundeadas, se destacavam no canal, tendo, mais atrás, a vegetação ainda preservada dos manguezais. Ao fundo, ocupando toda a linha do horizonte, a Serra do Mar dominava o visual límpido de um céu azul e sem nuvens.

 

          Num relance, pareceu-me uma pintura paisagística, ao estilo dos grandes mestres do gênero, tais como Monet, Debret, Cézanne, Canaletto, Rugendas e inúmeros outros. Na verdade, porém, trata-se mais do que isso, pois, com exceção dos barcos, todos os demais componentes do cenário que me encantou por um instante são obras da Natureza.

 

          O homem, enquanto espécie, é extremamente criativo, mas jamais conseguirá superar a perfeição do trabalho incomparável contido numa flor, numa pequena praia cercada de pedras ou na combinação perfeita das penas dos pássaros, por exemplo. Sem dúvida, “é divinal tanta beleza/que nos faz extasiar/só Deus, o Grande Arquiteto, construiria com afeto um paraíso pra nos dar” (O Grande Arquiteto, composição de Joaquim Borges e sucesso na voz de Ary Lobo).

 

          Tenhamos olhos para ver além, e descortinar o belo nessas pequenas coisas que enchem nosso coração de amor.

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