Tristeza
Manhã modorrenta de domingo.
Desde cedo o brilho solar avançou através da
janela para dentro do quarto, trazendo, além de luz intensa, aquele calor que
não deixa o cidadão dormir mais. As cortinas estavam abertas, e o ar-condicionado
desligado. Ninguém merece.
Ainda com sono, pois tinha me deitado tarde
(ou cedo, dependendo do ponto de vista - eram mais de 3 horas da madruga), fui
forçado a me levantar e procurar o que fazer.
A mulher já estava de pé, preparando o café, e
me lançou um desafio: ir à padaria comprar pão Josefina. Interessado em manter
em alta o bom relacionamento conjugal, concordei quase que imediatamente e
venci a distância de longo meio quilômetro (ida e volta) a pé sonhando com
minha cama.
Alimentado. Enquanto criava coragem para ir à
praia, resolvi atualizar as mensagens do WhatsApp. Uma surpresa desagradável me
esperava: um amigo médico me informava do falecimento de um outro amigo comum,
que esteve internado por mais de 15 dias com a famigerada COVID-19. Chegou a
ser traqueostomizado,
apresentou melhoras. Contudo, uma parada cardíaca fulminante levou-o desse
plano terrestre.
Além do sentimento de perda
em relação a uma pessoa com quem tinha uma história de vida de muitos anos, com
os percalços naturais de todo relacionamento humano, mas, com certeza, com
muita coisa boa, fica aquela sensação de que a morte só precisa de uma desculpa
para cumprir o que lhe cabe no universo.
Olho da varanda e já são quase 10 horas. Na
areia à beira-mar, homens, mulheres e crianças expõem seus corpos ou brincam na
água. Um carro de som patrocinado pela Prefeitura passa pedindo cuidado com o
coronavírus (usar máscara, não aglomerar, assim e tal). A indiferença é quase
total. O povo já não acredita nisso, e quer aproveitar o final/início de ano
para festejar.
Espero que os mais próximos de mim estejam se
cuidando. Alguém precisa fazer a sua parte, já que as “otoridades” (des)governamentais
não estão nem aí. Meus Deus, o que nos reserva o futuro?
Vá em paz, Amigo Velho, que por aqui a gente
continua pelejando no bom combate, até quando for permitido e chegar a nossa
vez de deixar esse invólucro material.
Um dia voltaremos a nos reencontrar.
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