E o enredo do samba do crioulo doido
no festival de besteiras que assola o país continua.
Peço vênia, esteja onde estiver, ao
inigualável Sérgio Porto, mais conhecido por Stanislaw Ponte Preta, para usar
sua famosa definição acima expendida e contextualizá-la neste momento atual da
nossa querida Pindorama.
Nos três níveis da Administração Pública
– federal, estadual e municipal – cada um fala o que quer, mesmo que não
entenda do assunto. É impressionante, mas não motivo de surpresa, que atualmente,
em que o medo e a incerteza atingem centenas de milhões de homens e mulheres no
mundo todo, em nosso rincão idolatrado os supostos líderes fazem jogo de cena
para a plateia já projetando ganhos eleitorais em pleitos futuros.
Trabalhar ou não trabalhar? Ficar em
casa ou ir à rua? Usar máscaras? A coisa está de um jeito que cada um está
resolvendo o que fazer por conta própria, na esperança de que Deus está cuidando
de todos.
Infelizmente, o brasileiro não tem a
disciplina chinesa de, por exemplo, cumprir rigidamente regras de isolamento
social – nome bonito que arrumaram para quarentena. Aqui, o noticiário mostra
bares cheios e bairros populares com as pessoas nas ruas e nas praças. São
Paulo, nossa grande metrópole, já voltou a apresentar trânsito mais intenso.
Quer dizer: liberou geral.
Procurando o que fazer, comprei uns
livros pela internet. Entre eles, um do autor cult do momento, o
israelense Iuval Noah Harari, intitulado “Sapiens: uma breve história da
humanidade”, um best-seller internacional que, no Brasil, está já na 50ª
edição. Em determinado capítulo da obra, recheada de declarações bastante
polêmicas e, imagino, não totalmente aceitas, pelo menos por enquanto, pela
comunidade acadêmica, da qual não faço parte, diga-se de passagem, pois não
tenho cabedal para tal, o historiador, analisando os primórdios da Revolução
Agrícola e suas consequências nos relacionamentos sociais, explica os motivos causadores
de algumas crises mundiais (queda do Império Romano, Revolução Francesa, guerra
civil na Iugoslávia, entre outras) e afirma o seguinte:
“O problema na raiz de tais calamidades é
que os homens evoluíram por milhões de anos em pequenos bandos de algumas
dezenas de indivíduos. O punhado de milênios separando a Revolução Agrícola do
surgimento de cidades, reinos e impérios não foi tempo suficiente para
possibilitar o desenvolvimento de um instinto de cooperação em massa” (Pág.
111).
Tem a ver, né mesmo!?
Resumindo: nós ainda somos muito egoístas.
Um exemplo claro disso é a majoração dos preços dos alimentos e de produtos
essenciais, como o gás de cozinha. Estamos no mesmo barco, mas tem marinheiro
remando em direção contrária. Assim, a embarcação não sairá do lugar. Todo
mundo acha que está certo e que o resto está errado. Poucos admitem a
possibilidade de que possam estar enganados. Afinal, hoje em dia, até mesmo a
infalibilidade papal é questionada.
Quando o bem comum for, verdadeiramente, o
objetivo primeiro e único, faremos um paraíso na Terra. Enquanto isso, vamos conduzindo
nosso desfile do jeito que der. Só não pode desandar muito, senão a coisa fica
feia.
Mas tudo passa, e dias melhores virão.
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