Não
sei quando o ato concessivo será publicado no Diário Oficial da União, mas só por
ter protocolado hoje requerimento solicitando minha aposentadoria voluntária
por tempo de serviço o dia já ficou diferente. Trabalho formalmente desde os 14/15
anos de idade, e são exatos, conforme consta nos meus assentamentos funcionais,
17.876 dias ou 48 anos, 11 meses e 26 dias. Acho que está bom.
Derivada
do latim, aposentadoria é uma palavra que vem de pausare, cujo significado
é “parar para descansar”. No meu caso, com certeza irei descansar de alguma
coisa, tipo horários, chefias, reuniões, mas não de tudo, pois beirando os 70
me sinto capaz de continuar produzindo e laborando de outras maneiras, com
saúde e mente ativa. Estou idoso, mas não incapaz.
Hoje
em dia, não só no Brasil mas em outros países também, discute-se muito sobre o
sistema previdenciário, se ele é justo ou não, suas desigualdades e formas de
viabilizar a efetividade e continuidade, considerando que a população está
envelhecendo e cada vez mais pessoas irão deixar o mercado de trabalho, apesar
de muitas precisarem de alternativas ocupacionais por necessidade de
sobrevivência.
Comecei
em empresas particulares e estou saindo pelo serviço público federal. Já
comandei e fui comandado, mas sempre procurei dar o melhor de mim, limitado
pela minha própria capacidade e conhecimento. Desde jovem só me via sendo uma
coisa: repórter. Labutei em redações por mais de 20 anos, e gostava muito. Premido
pela busca por estabilidade e benefícios melhores (plano de saúde, por exemplo)
ingressei, mediante concurso, na esfera do Poder Judiciário, de onde agora
estou me despedindo.
Fiz
amigos. Acredito que não tenho inimigos, mas um ou outro desafeto é bem provável.
Não me considero um servidor público “abelha” (aquele que vive voando ou
fazendo cera), mas os critérios de avaliação mudam de pessoa para pessoa e o
que para mim pode parecer uma produtividade no mínimo razoável, para outro pode
deixar a desejar. Com certeza, alguma coisa eu poderia ter feito melhor. Porém,
nada disso importa mais.
Quando
passei para o teletrabalho, em 2018 (antes da pandemia, portanto), fui
agraciado com uma festinha de despedida pelos colegas que iriam continuar na
rotina presencial, e a magistrada a quem assessorava me deu um pijama de
presente (e fez questão que mostrasse para todos). Cinco anos depois, eis me
aqui encerrando mais essa fase da minha vida, e, ao mesmo tempo, brevemente iniciando uma
nova jornada, que, rogo a Deus, possa ser frutífera e benéfica para mim, meus
familiares, amigos e irmãos de fé.
Heráclito
de Efeso, um dos muitos pensadores gregos, dizia que “a única constante é a
mudança”. De tempos em tempos as coisas se transformam. As Escrituras Sagradas
registram a frase que “diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar”
(Apocalipse, 3.7,8).
Sendo
assim, sigo em frente, na esperança e certeza de que a mão divina tudo proverá.
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