quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Aposentadoria

 


Não sei quando o ato concessivo será publicado no Diário Oficial da União, mas só por ter protocolado hoje requerimento solicitando minha aposentadoria voluntária por tempo de serviço o dia já ficou diferente. Trabalho formalmente desde os 14/15 anos de idade, e são exatos, conforme consta nos meus assentamentos funcionais, 17.876 dias ou 48 anos, 11 meses e 26 dias. Acho que está bom.

 

Derivada do latim, aposentadoria é uma palavra que vem de pausare, cujo significado é “parar para descansar”. No meu caso, com certeza irei descansar de alguma coisa, tipo horários, chefias, reuniões, mas não de tudo, pois beirando os 70 me sinto capaz de continuar produzindo e laborando de outras maneiras, com saúde e mente ativa. Estou idoso, mas não incapaz.

 

Hoje em dia, não só no Brasil mas em outros países também, discute-se muito sobre o sistema previdenciário, se ele é justo ou não, suas desigualdades e formas de viabilizar a efetividade e continuidade, considerando que a população está envelhecendo e cada vez mais pessoas irão deixar o mercado de trabalho, apesar de muitas precisarem de alternativas ocupacionais por necessidade de sobrevivência.

 

Comecei em empresas particulares e estou saindo pelo serviço público federal. Já comandei e fui comandado, mas sempre procurei dar o melhor de mim, limitado pela minha própria capacidade e conhecimento. Desde jovem só me via sendo uma coisa: repórter. Labutei em redações por mais de 20 anos, e gostava muito. Premido pela busca por estabilidade e benefícios melhores (plano de saúde, por exemplo) ingressei, mediante concurso, na esfera do Poder Judiciário, de onde agora estou me despedindo.

 

Fiz amigos. Acredito que não tenho inimigos, mas um ou outro desafeto é bem provável. Não me considero um servidor público “abelha” (aquele que vive voando ou fazendo cera), mas os critérios de avaliação mudam de pessoa para pessoa e o que para mim pode parecer uma produtividade no mínimo razoável, para outro pode deixar a desejar. Com certeza, alguma coisa eu poderia ter feito melhor. Porém, nada disso importa mais.

 

Quando passei para o teletrabalho, em 2018 (antes da pandemia, portanto), fui agraciado com uma festinha de despedida pelos colegas que iriam continuar na rotina presencial, e a magistrada a quem assessorava me deu um pijama de presente (e fez questão que mostrasse para todos). Cinco anos depois, eis me aqui encerrando mais essa fase da minha vida, e, ao mesmo tempo, brevemente iniciando uma nova jornada, que, rogo a Deus, possa ser frutífera e benéfica para mim, meus familiares, amigos e irmãos de fé.

 

Heráclito de Efeso, um dos muitos pensadores gregos, dizia que “a única constante é a mudança”. De tempos em tempos as coisas se transformam. As Escrituras Sagradas registram a frase que “diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar” (Apocalipse, 3.7,8).

 

Sendo assim, sigo em frente, na esperança e certeza de que a mão divina tudo proverá.

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