Ensinam os dicionários que madrasta
significa “mulher em relação aos filhos anteriores da pessoa com quem passa a
constituir sociedade conjugal”. É a nova esposa do pai. Muitos a usam de forma
depreciativa, como se significasse, em todos os casos, uma pessoa má, pouco
carinhosa, insensível e até mesmo malvada (https://duvidas.dicio.com.br).
Para aquele jovem no auge dos seus 18
anos de idade e de cima de 1,85m de altura tratava-se do único problema da sua
vida: a madrasta. Se não fosse ela, tudo seria perfeito. Morava numa cidade
litorânea de belas praias. Estava no auge de sua força física (na academia,
entre outros prodígios, levantava 120 quilos de pesos – 60 de cada lado -, mais
20 quilos da barra).
Não passava necessidade nenhuma, e para
as meninas da cidade era o rapaz com quem todas sonhavam, o genro que mamãe
tinha pedido a Deus. Mas aquela madrasta.....
A gota d’água foram os gritos e
maledicências que a cruel balzaquiana lançou contra a sua irmã caçula. Era
preciso tomar uma providência. Um dia em que a madrasta estava sozinha no sítio
da família, pegou sua bicicleta e foi resolver aquela parada de uma vez por
todas.
No local, encontrou-a refastelada numa
cadeira na varanda e sem nem ao menos dizer “bom dia” verbalizou toda a mágoa e
insatisfação acumulada desde que seu pai tinha resolvido deixar a mãe por
outra. Mas a substituta era atrevida, e começou a esbravejar também.
Muitos gritos depois de ambas as partes,
a discussão já estava no meio do terreiro, onde havia um latão que servia para
colocar o lixo, que estava com ¼ de sua capacidade em uso. Somente produtos
orgânicos, registre-se.
Sem encontrar um jeito de resolver a situação
e já exasperado (queria apenas um pedido de desculpas), o moço, num repente que
ele atribuiu, posteriormente, ao contar o acontecido à genitora (que, diga-se
de passagem, riu de ficar com dor na barriga), a uma inspiração divina, pegou a
indigesta mulher e jogou-a de cabeça para baixo dentro do recipiente metálico.
Percebeu que o latão estava próximo à subida,
após a porteira, que dava acesso à casa. Sem titubear, derrubou-o no chão e com
um forte empurrão de seu pé numeração 43 fê-lo girar ladeira abaixo.
Imediatamente, sentiu que uma paz profunda invadia seu ser. Montou em sua bike
e pedalou tranquilamente de volta como se estivesse flutuando no ar, de tão
leve que se sentia. Pensava com seus botões: “Resolvi bem a situação”.
Notou, com os cantos do olhos, que o
latão tinha parado numa saliência do terreno, chegando tão somente à metade da
ladeira. “Nada é perfeito”, imaginou, mas aceitou, resignadamente, os desígnios
de Deus. Dali em diante, a madrasta ficou uma seda e nunca mais alterou a voz
com ele ou com a irmã. Não sabe nem se o pai ficou sabendo, porque não ouviu
uma palavra dele sobre o assunto.
Mais à frente, o genitor largou a
madrasta, ficou uns tempos sozinho e voltou para a primeira esposa. Um dia, já homem formado e casado,
quase 20 anos depois do acontecido, viu a mulher objeto da sua raiva juvenil
num ponto de ônibus. Educadamente, parou o carro e ofereceu carona, que foi
prontamente recusada.
Comentou, depois, que a sofrida senhora
rejeitou o auxílio com um semblante entremeado de medo e preocupação. Não ficou
com sequelas físicas, mas, conforme diz o ditado, quem bate esquece, quem
apanha, jamais.
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