Dizem, e é uma certeza, que do mundo
nada se leva, por isso Jesus, no Sermão da Montanha, ensina: “Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e as
traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no
céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam
nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mateus,
6-19).
Não tenho, até
aqui, uma relação, ainda, das mais profícuas com o vil metal, que, conforme é
sabido, atualmente é absolutamente indispensável para quem almeja uma vida com
um mínimo de conforto ou segurança. Talvez por isso, amealhei, desde que
iniciei minha jornada laboral em 1972, ou seja, 50 anos, um único bem material:
uma casa num conjunto habitacional.
Pequena e modesta, sempre atendeu a mim e à
minha família, inclusive os bichinhos de estimação que por lá passaram.
Residimos nela de 1986 a 2019, fazendo aqui e acolá uma reforminha, um puxadinho,
uma pinturazinha. Alugada desde então, está agora, por força da necessidade, à
venda.
Lembranças vêm
à memória dos bons momentos vivenciados entre aquelas quatro paredes, onde
filhas cresceram, amigos foram amparados e visitantes receberam acolhida. A sólida
construção de tijolos e cimento nos concedeu sombra, quando o calor solar se fazia presente do lado de fora, e nos manteve secos e aquecidos ao abrigo de chuvas e ventos.
Fomos felizes.
O medo e a
insegurança em relação ao futuro, nesta nossa hodierna sociedade tecnológica, fazem
com que o acúmulo de capital seja um dos objetivos primeiros de homens e
mulheres, mormente quando inexiste confiança no amparo estatal. Impossível desconhecer
isso. Até almejo ter mais dinheiro também, garantia de despreocupação com a
quitação das contas no final de cada mês.
Mas a
confiança no porvir faz parte do mesmo ensinamento cristão visto alhures: “Por
isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo
que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do
que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem
ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito
mais do que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só
côvado à duração de sua vida? E pelo que haveis de vestir, por que andais
ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo
vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois,
se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no
forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis,
dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos
havemos de vestir? (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque
vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas de
acréscimo. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. A cada dia basta o seu cuidado” (Mateus, 6-25).
Deus há de prover. Assim
seja!
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