sábado, 7 de maio de 2022

Casinha

 


        Dizem, e é uma certeza, que do mundo nada se leva, por isso Jesus, no Sermão da Montanha, ensina: “Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mateus, 6-19).

 

        Não tenho, até aqui, uma relação, ainda, das mais profícuas com o vil metal, que, conforme é sabido, atualmente é absolutamente indispensável para quem almeja uma vida com um mínimo de conforto ou segurança. Talvez por isso, amealhei, desde que iniciei minha jornada laboral em 1972, ou seja, 50 anos, um único bem material: uma casa num conjunto habitacional.

 

         Pequena e modesta, sempre atendeu a mim e à minha família, inclusive os bichinhos de estimação que por lá passaram. Residimos nela de 1986 a 2019, fazendo aqui e acolá uma reforminha, um puxadinho, uma pinturazinha. Alugada desde então, está agora, por força da necessidade, à venda.

 

        Lembranças vêm à memória dos bons momentos vivenciados entre aquelas quatro paredes, onde filhas cresceram, amigos foram amparados e visitantes receberam acolhida. A sólida construção de tijolos e cimento nos concedeu sombra, quando o calor solar se fazia presente do lado de fora, e nos manteve secos e aquecidos ao abrigo de chuvas e ventos. Fomos felizes.

 

        O medo e a insegurança em relação ao futuro, nesta nossa hodierna sociedade tecnológica, fazem com que o acúmulo de capital seja um dos objetivos primeiros de homens e mulheres, mormente quando inexiste confiança no amparo estatal. Impossível desconhecer isso. Até almejo ter mais dinheiro também, garantia de despreocupação com a quitação das contas no final de cada mês.

 

        Mas a confiança no porvir faz parte do mesmo ensinamento cristão visto alhures: “Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. A cada dia basta o seu cuidado” (Mateus, 6-25).

 

        Deus há de prover. Assim seja!

 

 


       

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