Domingão friorento apesar do céu
límpido e ensolarado. Preguicinha dominando o ambiente. Encolhido e coberto por mantas aquecedores, assisto em família ao novo lançamento da Disney e da
Pixar intitulado Lucca, ambientado na bela Riviera italiana.
Profissionais na arte de entreter, os
roteiristas, amparados por uma técnica visual primorosa, constroem uma história
com uma base meio que inverossímil (existência de monstros marinhos, que até
falam e têm relacionamentos afetivos) para transmitirem uma mensagem de amizade,
amor e solidariedade entre os diferentes.
Minha neta mais nova disse que gostou
daqueles peixes que viram gente e daquela gente que vira peixe. Eu também, pois
sou fã de desenho animado, conforme se dizia antigamente, desde quando não
existiam efeitos especiais ou tecnologia computadorizada, que atualmente fazem
toda a diferença numa produção desse naipe.
Me lembrei de três amigos que tive e
que já se foram para o andar de cima. Foram relacionamentos construído na idade
adulta, mas tinha com eles a sensação de que os conhecia desde sempre. Não sei
se havia reciprocidade de sentimentos, pois tenho uma tendência de priorizar os
outros, mesmo que o retorno não seja, constantemente, na mesma intensidade.
Eram pessoas que em muitos momentos da
minha vida me fizeram sentir bem. Pessoas de quem gostávamos de estar juntos, de
fazermos coisas comuns, nos alegrarmos nesse mundo de tantas incertezas, frustações
e injustiças materiais. Mas partiram, vitimados, sem exceção, por problemas
cardíacos, a exemplo também do meu pai, de quem me arrependo de não ter sido
mais próximo, até porque deixei minha cidade litorânea natal aos 28 anos de
idade para ir morar na Amazônia brasileira, num tempo em que não havia ainda
internet ou “zap”.
É claro que tenho outros bons amigos que
permanecem nessa jornada terrena, mas parece que os que morreram, por conta da
ausência diária, se tornam mais importantes, ou, pelo menos, são lembrados naquele
estilo “eram tão novos”, “que faltam fazem” e contam-se casos, frases ditas e
experiências compartilhadas.
Bom, o que estava tentando dizer era
alguma coisa sobre a importância da amizade, do sorriso franco, do abraço e do
aperto de mão, coisas um tanto cerceadas nessa fase de isolamento social que
estamos atravessando e que, parece, está chegando ao final.
No dizer da Banda Aruera, em Coração
de Amigo, “e dos dons que Deus tem pra nos dar, a arte de fazer amigos é a
mais bonita”, porque “a amizade deixa tudo uma beleza”.
Em tempo: coincidentemente, a exemplo
dos amigos do filme, o almoço hoje aqui em casa foi pasta ao pomodoro.
Que nunca nos faltem amigos, e um bom
macarrão caseiro.
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