domingo, 11 de julho de 2021

Amizades

 


         Domingão friorento apesar do céu límpido e ensolarado. Preguicinha dominando o ambiente. Encolhido e coberto por mantas aquecedores, assisto em família ao novo lançamento da Disney e da Pixar intitulado Lucca, ambientado na bela Riviera italiana.

 

         Profissionais na arte de entreter, os roteiristas, amparados por uma técnica visual primorosa, constroem uma história com uma base meio que inverossímil (existência de monstros marinhos, que até falam e têm relacionamentos afetivos) para transmitirem uma mensagem de amizade, amor e solidariedade entre os diferentes.

 

         Minha neta mais nova disse que gostou daqueles peixes que viram gente e daquela gente que vira peixe. Eu também, pois sou fã de desenho animado, conforme se dizia antigamente, desde quando não existiam efeitos especiais ou tecnologia computadorizada, que atualmente fazem toda a diferença numa produção desse naipe.

 

         Me lembrei de três amigos que tive e que já se foram para o andar de cima. Foram relacionamentos construído na idade adulta, mas tinha com eles a sensação de que os conhecia desde sempre. Não sei se havia reciprocidade de sentimentos, pois tenho uma tendência de priorizar os outros, mesmo que o retorno não seja, constantemente, na mesma intensidade.

 

         Eram pessoas que em muitos momentos da minha vida me fizeram sentir bem. Pessoas de quem gostávamos de estar juntos, de fazermos coisas comuns, nos alegrarmos nesse mundo de tantas incertezas, frustações e injustiças materiais. Mas partiram, vitimados, sem exceção, por problemas cardíacos, a exemplo também do meu pai, de quem me arrependo de não ter sido mais próximo, até porque deixei minha cidade litorânea natal aos 28 anos de idade para ir morar na Amazônia brasileira, num tempo em que não havia ainda internet ou “zap”.

 

         É claro que tenho outros bons amigos que permanecem nessa jornada terrena, mas parece que os que morreram, por conta da ausência diária, se tornam mais importantes, ou, pelo menos, são lembrados naquele estilo “eram tão novos”, “que faltam fazem” e contam-se casos, frases ditas e experiências compartilhadas.

 

         Bom, o que estava tentando dizer era alguma coisa sobre a importância da amizade, do sorriso franco, do abraço e do aperto de mão, coisas um tanto cerceadas nessa fase de isolamento social que estamos atravessando e que, parece, está chegando ao final.

 

         No dizer da Banda Aruera, em Coração de Amigo, “e dos dons que Deus tem pra nos dar, a arte de fazer amigos é a mais bonita”, porque “a amizade deixa tudo uma beleza”.

 

         Em tempo: coincidentemente, a exemplo dos amigos do filme, o almoço hoje aqui em casa foi pasta ao pomodoro.

 

         Que nunca nos faltem amigos, e um bom macarrão caseiro.

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