sábado, 11 de janeiro de 2020

Curtinhas




Filosofia de taxista

          O passageiro nem tinha se acomodado direito no banco do carro e o motorista, querendo mostrar cordialidade durante o trajeto, sapecou a seguinte pergunta:

          - O senhor é casado?

          - Sim, sou – respondeu, surpreso, o usuário daquele táxi.

          E o taxista continuou:

          - Primeiro casamento?

          - Sim.

          E aí chegou no ponto que o motorista queria.

          - Pois vou lhe dizer, doutor. Mantenha seu casamento. Não adianta separar. Eu fiz isso, achando que ia achar uma mulher melhor. A segunda foi pior que a primeira. Separei novamente. E a terceira está pior do que a anterior. E se ela me disser para pular a janela eu salto e volto, porque não quero nem imaginar como seria com a quarta mulher. Deus me livre!

Conversa de pescador

          Tinha um grupo de pescador conversando num bar. Cada um se gabando de que tinha conseguido fisgar um peixe maior do que o outro.

          O mineirinho, que até então tinha ficado calado, só ouvindo o lero-lero dos outros, resolveu intervir naquele debate etílico-ictiológico e disse que na sua cidade ele era considerado quem tinha pescado o maior peixe já visto na região, que alcançou dois palmos e meio.

          Aquilo foi motivo de risada, pois a maioria garantia que peixe com dois palmos e meio era usado como isca para atrair as outras espécies maiores. Mas o matuto lá das Alterosas quis saber:

          - E como é que vocês medem o peixe?

          - Ora – disse um – a gente mede do rabo para a cabeça.

          - É por isso. O peixe que eu estou falando tinha dois palmos e meio de um olho para o outro.

Fim do mundo

          Aquela noite escura num céu desprovido de estrelas já era motivo de assombro para muitos naquele interior nordestino.

          Para complicar ainda mais as coisas, a crente mais beata da cidade chegou em casa jurando de pé junto que o mundo ia se acabar. Tudo porque tinha visto uma luz misteriosa sobrevoando o lugarejo.

          A sobrinha que morava com ela tentou convencê-la do engano, mas ela puxou a parente para a janela e apontou para o alto. Realmente, uma ofuscante luz branca passeava no firmamento num ritmo lento, mas constante.

          - Está vendo? – indagou a carola. É o sinal dos tempos. Vamos rezar.

          Já com um pouco de medo mesmo que a dúvida persistisse, a jovem acompanhou a tia, de cabeça baixa e ajoelhada em frente à janela rezando com sofreguidão e apertando o terço gasto pelas muitas novenas paroquiais.

          Com um canto de olho, contudo, a moça percebeu que o objeto voador começou a fazer uma volta sobre seu próprio eixo e mostrou o outro lado de sua estrutura, onde sob forte iluminação brilhava um letreiro onde estava escrito: PEPSI.

          Era um dirigível fazendo propaganda de refrigerante, para desapontamento da idosa, que já estava até gostando da ideia de o mundo chegar ao seu final.
         

Nenhum comentário:

Postar um comentário