Nos idos da juventude imaginava tanta
coisa.
Sonhava ser uma cantora famosa, que atrairia
multidões aos seus shows, emocionando corações com sua voz afinadíssima e com
músicas que falariam de amor, de alegria e da natureza.
Quem sabe, poderia também enveredar pela
poesia, publicando rimas e prosas e sendo aclamada por críticos e leitores
entusiasmados. Seus livros venderiam milhares de cópias, e receberia inúmeros
prêmios literários.
Havia também as artes plásticas. Gostava
de desenhar, usar lápis e aquarelas para expressar seus sentimentos através dos
rostos e das paisagens que ocupavam páginas brancas com seus rabiscos coloridos
e linhas curvas e retas.
Porém, as coisas nem sempre acontecem do
que jeito que são idealizadas. A realidade da vida, inflexível e sem piedade,
às vezes conduz as pessoas para caminhos outros que não aqueles inicialmente
pretendidos.
Casamento, filhos, responsabilidades,
divórcio. O piano ficou de lado. Os poemas, em alguma gaveta. Os desenhos,
incompletos.
Eis que, como se o destino já tivesse
traçado o futuro, o que havia vislumbrado como uma possibilidade se materializou
nos filhos. Um se tornou músico e compositor. Outro, desenhista gráfico e
ilustrador. Ambos talentosos e com carreiras promissoras. Nos trabalhos deles,
vê a si mesma.
Seu ideal juvenil transcendeu uma
geração. Através dos descendentes, tão próximos e amados, se sente realizada. O
que não conseguiu atingir, seus meninos, sangue de seu sangue, mostram ao mundo
que uma vida nunca é desperdiçada quando se abre caminhos para que quem nos
sobrevir possa alcançar suas metas.
Não fez, mas seus filhos fazem por ela.
Deus sabe o que faz.
Chorei... muito legal!
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