Expulso
da cama em mais uma madrugada insone e calorenta fui zapear os canais de filme na
televisão paga e acabei assistindo pela enésima vez ao clássico Casablanca,
do diretor Michael Curtiz e com os famosos atores hollywoodianos Humphrey
Bogart e Ingrid Bergman.
O
filme se passa na cidade marroquina de Casablanca, que, na época da 2ª Guerra
Mundial, estava sob o controle dos franceses e servia de refúgio para os
fugitivos do regime nazista que queriam ir para Lisboa, em Portugal, e, em
seguida, para os Estados Unidos da América. A obra ganhou, em 1944, o prêmio
Oscar de melhor direção, melhor filme e melhor roteiro adaptado.
Não
sou especialista em arte cinematográfica e nem quero entrar no mérito se o
filme serviu de propaganda aos interesses dos países Aliados (EUA-França-Inglaterra),
até porque, naquela época, sem querer ser maniqueísta, me parece que inexistia pouca
dúvida em relação a qual lado representava o mal e qual representava o bem,
isso numa análise superficial, até porque nenhuma guerra, a princípio, em sua
essência, tem algo de bom.
Mas
eu considero Casablanca o melhor filme que já vi. Não só pela mensagem
de luta por um ideal, que deve ser o sentido da vida de todo ser humano, mas
também pela resiliência demonstrada em resistir à pressão de situações
adversas. São muitas as cenas antológicas e os diálogos espirituosos, mas duas
em particular me chamam a atenção e não me canso de vê-las.
A
primeira é quando o líder da resistência Victor Laszlo, interpretado por Paul
Henreid, conclama os frequentadores do bar do Rick (personagem de Bogart) a cantarem
“A Marselhesa”, hino nacional francês, em contraponto aos oficiais alemães que
entoavam Die Wacht am Rhein
(“A Guarda do Reno”), que é uma música patriótica que remonta à 1840, época do
episódio conhecido como a Crise do rio Reno, que envolveu o então Reino da
França e a Confederação Germânica. Os franceses se enchem de fervor patriótico,
e soltam a voz abafando os opressores.
A cena final também é inesquecível. Rick, para
permitir que Laszlo e Ilsa Laszlo, (papel de Ingrid Bergman), por quem era
apaixonado, pois tinham se conhecido anteriormente em Paris, embarcassem no
avião para Lisboa, atira e mata o major Heinrich (Conrad Veidt), com a
complacência do capitão Louis (Claude Rains), que manda seus subordinados
prenderem “os suspeitos de sempre”. Os dois vão se afastando juntos na chuva e Rick
diz: “Louis acho que esse é o início de uma grande amizade”. Fecha o pano.
A
vida, sabemos, principalmente aqueles mais experientes, é feita de escolhas. Acho que Casablanca mostra isso. No cotidiano, nem
sempre acertamos, mas é preciso constância e determinação para que possamos nos
firmar nas nossas convicções e, na luta insana da sobrevivência, combatermos o
bom combate para que, ao final, estejamos em paz com a nossa consciência.
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