sexta-feira, 15 de março de 2024

Casablanca

 


Expulso da cama em mais uma madrugada insone e calorenta fui zapear os canais de filme na televisão paga e acabei assistindo pela enésima vez ao clássico Casablanca, do diretor Michael Curtiz e com os famosos atores hollywoodianos Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.

 

O filme se passa na cidade marroquina de Casablanca, que, na época da 2ª Guerra Mundial, estava sob o controle dos franceses e servia de refúgio para os fugitivos do regime nazista que queriam ir para Lisboa, em Portugal, e, em seguida, para os Estados Unidos da América. A obra ganhou, em 1944, o prêmio Oscar de melhor direção, melhor filme e melhor roteiro adaptado.

 

Não sou especialista em arte cinematográfica e nem quero entrar no mérito se o filme serviu de propaganda aos interesses dos países Aliados (EUA-França-Inglaterra), até porque, naquela época, sem querer ser maniqueísta, me parece que inexistia pouca dúvida em relação a qual lado representava o mal e qual representava o bem, isso numa análise superficial, até porque nenhuma guerra, a princípio, em sua essência, tem algo de bom.

 

Mas eu considero Casablanca o melhor filme que já vi. Não só pela mensagem de luta por um ideal, que deve ser o sentido da vida de todo ser humano, mas também pela resiliência demonstrada em resistir à pressão de situações adversas. São muitas as cenas antológicas e os diálogos espirituosos, mas duas em particular me chamam a atenção e não me canso de vê-las.

 

A primeira é quando o líder da resistência Victor Laszlo, interpretado por Paul Henreid, conclama os frequentadores do bar do Rick (personagem de Bogart) a cantarem “A Marselhesa”, hino nacional francês, em contraponto aos oficiais alemães que entoavam Die Wacht am Rhein (“A Guarda do Reno”), que é uma música patriótica que remonta à 1840, época do episódio conhecido como a Crise do rio Reno, que envolveu o então Reino da França e a Confederação Germânica. Os franceses se enchem de fervor patriótico, e soltam a voz abafando os opressores.

 

 A cena final também é inesquecível. Rick, para permitir que Laszlo e Ilsa Laszlo, (papel de Ingrid Bergman), por quem era apaixonado, pois tinham se conhecido anteriormente em Paris, embarcassem no avião para Lisboa, atira e mata o major Heinrich (Conrad Veidt), com a complacência do capitão Louis (Claude Rains), que manda seus subordinados prenderem “os suspeitos de sempre”. Os dois vão se afastando juntos na chuva e Rick diz: “Louis acho que esse é o início de uma grande amizade”. Fecha o pano.

 

A vida, sabemos, principalmente aqueles mais experientes, é feita de escolhas. Acho que Casablanca mostra isso. No cotidiano, nem sempre acertamos, mas é preciso constância e determinação para que possamos nos firmar nas nossas convicções e, na luta insana da sobrevivência, combatermos o bom combate para que, ao final, estejamos em paz com a nossa consciência.

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