sábado, 7 de janeiro de 2023

Verão

 


        E começou a temporada.

 

        Depois do Natal e do réveillon os turistas desembarcaram com força.

 

        Havia passado novembro e dezembro praticamente recluso, por conta das fortes chuvas, ventanias e trovoadas que dominaram o período e por ter padecido também de uma forte gripe, que, com a graça de Deus, já se esvaiu.

 

        Num dia desses, na boquinha da noite, resolvi passear no calçadão. Ao dobrar a esquina e ficar de frente para o mar me deparei com uma praia lotada, não só de gente, mas também de entulhos e animais. Já imaginava algo assim, porque da varanda do apartamento onde moro vejo as vagas de estacionamento demarcadas ao longo da calçada, de ambos os lados da rua, todas ocupadas, além de alguns motoristas que param seu veículos onde, em tese, não é permitido. Mesmo assim, fiquei um tanto surpreso, principalmente em face do horário.

 

        Interessante é que diariamente um carro de som patrocinado pela Prefeitura passa na orla marítima avisando que é proibida a prática de esportes na areia, a presença de pets e o uso de aparelhos de som.

 

        Obedientes como somos, para não dizer o contrário, cumprimos à risca as normas municipais. Só que não. A galera não está nem aí. Entre uma altinha e outra, disputa-se uma partida de frescobol, e cachorros de todos os portes correm entre as barracas, enquanto os mais variados ritmos musicais são expelidos de inúmeras caixas ensurdecedoras, como se o suave murmúrio ritmado e constante das ondas não fosse suficiente.

 

         Pensava eu, na minha pouca compreensão, que férias fossem momentos de lazer em que as pessoas buscassem uma tranquilidade, uma paz de espírito, para, na sequência, no retorno aos seus afazeres e à lida diária, profissional e familiar, estivessem bem dispostas e em condições mentais de labutar por mais 12 meses. Mas do jeito que fazem, dá a impressão de que voltam do repouso mais desgastados do que antes. Enfim, tem gosto para tudo, já diz o dito popular.

 

        Após o Carnaval, porém, a cidade volta a fluir em seu ritmo normal, de uma pacata urbe interiorana, com exceção dos preços, pois o que aumentou durante esse período, dificilmente recrudescerá aos valores praticados anteriormente. É a inflação turística. São os ônus de quem tem o bônus de morar num balneário com alguma fama.

 

        Conforme diria um amigo meu: vai aguentando, Raimundo!

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