quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Canários

 


        Cê veja só!

 

        A vida toda pensei que aqueles lindos canarinhos amarelos que trinavam alegremente no quintal do exuberante casarão onde meu avô paterno morava eram originários de nossa terra brasilis.

 

        Mas agora fiquei sabendo através do oráculo virtual conhecido por Dr. Google, conforme consta no site da Associação dos Criadores de Pássaros de Ribeirão Preto, que os primeiros deles que se tem notícia foram encontrados nas Ilhas Canárias, no Oceano Atlântico, na costa africana, daí, obviamente o nome da ave.

 

        Hoje, após longo período de domesticação, existem mais de 300 cores conhecidas de plumagens, desde a verde original. Diversas variedades foram geneticamente modificadas na Europa, principalmente na Bélgica, França e Itália. Mas nós temos uma subespécie desenvolvida no Brasil, o canário-da-terra, que ainda pode ser visto do Maranhão ao Rio Grande do Sul, habitando regiões descampadas, tais como cerrados, caatingas e campos de cultura.

 

        (Na casa de meu avô, com o passar dos anos, os bichinhos sumiram. Ele atribuiu a causa à invasão urbana dos pardais).

 

        Seu canto forte e ritmado é muito apreciado. Atualmente, os especialistas consideram o Harz Roller, uma variedade de roller alemão, o melhor neste quesito. Entretanto, como tudo neste mundo, tem gente que gosta de uma coisa, e tem gente que já não gosta daquela mesma coisa.

 

        Dias desses, um amigo meu nascido e criado no asfalto resolveu se aventurar numa área rural, mais precisamente passar um final de semana com o sogro, que fazia tempo esperava uma visita dele, e principalmente da filha, no sertão onde curte sua velhice, cercado pela mulher, cachorros e.....pássaros, muitos pássaros, entre eles um canário.

 

        Elogiado por sua técnica vocal, o canário parece que se exibia para os visitantes, gorjeando todo o seu repertório canoro repetidas vezes. Enquanto a conversa rolava, a música (ou barulho, depende do ponto de vista) não incomodava tanto. Na hora de dormir é que foram elas. O pássaro, talvez influenciado pela iluminação artificial da casa, não parava, aproveitando o silêncio da noite e mostrando seus dotes vocais, desde um simples dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, até passagens mais elaboradas, num fôlego interminável de um campeão.

 

        Sem ter muito o que fazer (soltar o canário não dava, matar, nem pensar) o insone cidadão prometeu a si mesmo não voltar lá tão cedo. Pelo menos, enquanto aquele canário estiver por ali. Só a título de informação, registre-se que a expectativa de vida daquele tipo de pássaro, quando criado em cativeiro, é de dez anos. Passa rápido.

 

        E saravá Iemanjá, nesse 02 de fevereiro de 2022. Odoyá Odociaba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário