Cê veja só!
A vida toda pensei que aqueles lindos
canarinhos amarelos que trinavam alegremente no quintal do exuberante casarão
onde meu avô paterno morava eram originários de nossa terra brasilis.
Mas agora fiquei sabendo através do
oráculo virtual conhecido por Dr. Google, conforme consta no site da
Associação dos Criadores de Pássaros de Ribeirão Preto, que os primeiros deles que se tem notícia foram encontrados nas Ilhas Canárias, no Oceano
Atlântico, na costa africana, daí, obviamente o nome da ave.
Hoje, após longo período de
domesticação, existem mais de 300 cores conhecidas de plumagens, desde a verde
original. Diversas variedades foram geneticamente modificadas na Europa,
principalmente na Bélgica, França e Itália. Mas nós temos uma subespécie desenvolvida no Brasil, o canário-da-terra, que ainda pode ser visto do Maranhão
ao Rio Grande do Sul, habitando regiões descampadas, tais
como cerrados, caatingas e campos de cultura.
(Na casa de
meu avô, com o passar dos anos, os bichinhos sumiram. Ele atribuiu a causa à invasão urbana dos
pardais).
Seu canto
forte e ritmado é muito apreciado. Atualmente, os especialistas consideram o Harz
Roller, uma variedade de roller alemão, o melhor neste quesito. Entretanto,
como tudo neste mundo, tem gente que gosta de uma coisa, e tem gente que já não
gosta daquela mesma coisa.
Dias desses,
um amigo meu nascido e criado no asfalto resolveu se aventurar numa área rural,
mais precisamente passar um final de semana com o sogro, que fazia tempo
esperava uma visita dele, e principalmente da filha, no sertão onde curte sua
velhice, cercado pela mulher, cachorros e.....pássaros, muitos pássaros, entre
eles um canário.
Elogiado por
sua técnica vocal, o canário parece que se exibia para os visitantes, gorjeando
todo o seu repertório canoro repetidas vezes. Enquanto a conversa rolava, a música
(ou barulho, depende do ponto de vista) não incomodava tanto. Na hora de dormir
é que foram elas. O pássaro, talvez influenciado pela iluminação artificial da casa, não parava, aproveitando o silêncio da noite e
mostrando seus dotes vocais, desde um simples dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, até
passagens mais elaboradas, num fôlego interminável de um campeão.
Sem ter
muito o que fazer (soltar o canário não dava, matar, nem pensar) o insone
cidadão prometeu a si mesmo não voltar lá tão cedo. Pelo menos, enquanto aquele
canário estiver por ali. Só a título de informação, registre-se que a expectativa
de vida daquele tipo de pássaro, quando criado em cativeiro, é de dez anos.
Passa rápido.
E saravá
Iemanjá, nesse 02 de fevereiro de 2022. Odoyá Odociaba.
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