Casalzinho recém-casado é só love. Naquela
modorrenta manhã de domingo o jovem mancebo acordou com o celular tocando. Eram
seus dois melhores amigos, que moravam no mesmo prédio, convidando-o para um
banho de piscina na área de lazer do condomínio. Convite aceito, sussurrou no
ouvido da mulher adormecida:
- Amor, foi tomar um banho de piscina. Durma
mais e não se preocupe com o almoço que depois eu dou meu jeito.
Satisfeito com a atenção dedicada à sua esposa,
seguiu despreocupado ao encontro dos companheiros, e ficaram os três jogando conversa
fora entre um mergulho e outro. Por volta de meio-dia, o smartphone disparou
uma canção melosa estilo sertanejo universitário. Era ela.
Antes que pudesse dizer ao menos alô, ouviu
uma saraivada de impropérios. Rapidamente, procurou um canto reservado para
entender o que estava acontecendo. Os amigos perceberam que tinha alguma coisa
fora da normalidade, e chegaram juntos.
O problema é que a mulher havia entendido tudo
ao contrário. Em vez de “não se preocupe com o almoço” ouviu que era para
levantar logo e preparar uma suculenta refeição pois os inseparáveis parças chegariam
em breve para apreciar a boca livre. E já passava das 12 horas. A comida tinha
até esfriado.
O pior é que se achando extremamente
desrespeitada, proibiu-o de voltar para casa, e não queria ver mais nenhum dos
outros culpados por aquela desfeita. E agora? Um deles, padrinho de casamento,
conhecido por sua capacidade de se virar nos trinta, resolveu tomar as dores do
amigo, que, sem ação, estava atordoado.
Correu até a padaria mais próxima, reuniu as
balconistas e explicou a situação, conclamando: “Precisamos salvar esse
casamento”. Movidas por uma solidariedade que só o ideal romântico explica,
arrumaram uma cestinha de vime, encheram de doces e outras guloseimas, passaram
umas fitas coloridas e, pronto, o presente da reconciliação foi entregue.
Na emoção do momento e na pressa de sanar
imediatamente a situação, saíram correndo, não pagaram e nem foram cobrados. As
moças, emocionadas por aquela boa ação, ainda desejaram: “Boa sorte”.
Na porta do apartamento, enquanto o marido
escorraçado e o amigo medroso se escondiam num canto do corredor, o best man,
sobraçando a lembrança, acionou a campainha, chamando, através da porta, pela
amiga. Em resposta, ouviu um “vão embora”. Depois de alguma insistência a chave
tetra pack estalou na fechadura. Com o rosto desfigurado pelo choro e o cabelo
despenteado, ouviu as explicações e recebeu o presente, caindo novamente em pranto compulsivo,
desta vez de alegria.
Três dias depois o quase ex-marido voltou à
padaria para quitar a dívida.
E transmitir a notícia que tinha dado tudo
certo.
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