Essa modesta reflexão sobre o caminhar
me foi motivada por uma palestra que assisti recentemente na qual o insigne e
incansável economista, jornalista e turismólogo Eustáquio Palhares falou de seu
projeto, junto com outros abnegados, que vem se mantendo por mais de 20
anos, denominado Os passos de Anchieta, santo católico espanhol conhecido
como “Apóstolo do Brasil”.
Trata-se de uma caminhada de 100 quilômetros.
Saindo da Catedral de Vitória vai, ao longo de três dias, concluir na antiga
vila de Rerigtiba (atualmente, município de Anchieta), no litoral sul capixaba,
onde, em junho de 1597, o jesuíta morreu amparado pelos milhares de índios que
cativou durante décadas de sua pregação religiosa. Foi por eles levado em
cortejo até a capital do Estado.
Intitulando-se andarilhos, os
participantes buscam seguir, na medida do possível, considerando as mudanças
urbanísticas ocorridas durante séculos, o trajeto original que Anchieta fazia
beirando o mar esplendorosamente privilegiado e de cenários deslumbrantes. Por conta
da rapidez com que caminhava, ele ficou conhecido entre os indígenas como Abara-Bebe
ou Carai-Bebe (santo voador ou homem-voador).
Sem enfoque estritamente religioso, pois
aberto a todas as tribos, a ideia é garantir aos corajosos “a cada passo um
encontro consigo mesmo”, a exemplo de outras rotas místicas como o Caminho de Santiago
de Compostela, na Espanha, a Via Sacra, em Jerusalém, e o roteiro romano.
Pois bem. Na verdade, a nossa vida não
é outra coisa senão um caminhar constante. Todos os nossos passos, mesmo que de
forma inconsciente, conduzem ao destino inexorável do nosso reencontro, um dia,
com o Pai Superior. O jeito de chegar até lá é que difere um pouco. Cada um tem
suas escolhas, a partir do livre-arbítrio permitido por Deus aos humanos.
E caminhemos, física e espiritualmente, para frente e para o alto, sempre em direção à Luz Divina.
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