O incomparável poeta, maestro, músico,
cantor e compositor Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim imortalizou seu
amor pela Cidade Maravilhosa através do Samba do Avião, no qual Tom,
como era mais conhecido no meio artístico, descreve a alegria de um retorno
para casa através das imagens aéreas da baía da Guanabara, do Cristo Redentor e
do sol, do céu e do mar.
Sem dúvida, a capital carioca é pródiga
em paisagens naturais belíssimas, com seus maciços de pedra, a Floresta da
Tijuca e as praias do Leme ao Pontal, além de outras atrações a mais, que se
destacam quando podem ser observadas do alto, principalmente numa manhã
radiante igual a deste domingo, quando embarquei no Santos Dumont num voo para
Vitória.
Esse distanciamento aéreo garante uma
contemplação do todo de uma maneira abrangente, onde as partes se complementam na
junção dos detalhes. Acho que por isso voar sempre foi um ideal que a
humanidade buscou desde muito tempo.
Mas sem querer desmerecer o elogio
musical da composição internacionalmente conhecida do nosso não menos famoso
Tom Jobim, quero, data vênia, falar também, obviamente sem a mesma genialidade,
da maravilha que é avistar do alto a chegada em terras capixabas, principalmente
a partir do litoral de Guarapari e até a descida no Aeroporto Eurico de Aguiar Salles.
O próprio piloto, não sei bem o motivo,
fez questão de anunciar, no sistema de som, em determinado momento do trajeto,
quando iniciou as manobras de aproximação com a pista, que à esquerda da
aeronave viam-se as paradisíacas Três Praias, Setiba, Ponta da Fruta, Barra do
Jucu, Itapoã, Itaparica e Praia da Costa.
Na sequência, o contorno da ilha de
Vitória ficou perfeitamente delineado, entre a baía, com o Penedo vigilante no
canal de acesso ao porto, e as ilhas do Boi e do Frade e, finalmente, a ponte
de Camburi, com a praia de mesmo nome, até o pouso suave, como numa homenagem
a tantas belezas.
Viver é bom, mas saber viver é melhor
ainda, dizia um amigo meu que já deu até logo a esse mundo material.
Eu digo assim: viajar é bom, mas voltar
para casa é melhor ainda, principalmente quando a retina ainda mantém o
registro do brilho solar refletido na água do mar clamando por um mergulho.
Feliz daquele que tem um lar para onde possa regressar e uma família para amar
e ser amado.
E, se Deus quiser, amanhã vai dar
praia.
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