domingo, 24 de outubro de 2021

Visão de cima

 

         O incomparável poeta, maestro, músico, cantor e compositor Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim imortalizou seu amor pela Cidade Maravilhosa através do Samba do Avião, no qual Tom, como era mais conhecido no meio artístico, descreve a alegria de um retorno para casa através das imagens aéreas da baía da Guanabara, do Cristo Redentor e do sol, do céu e do mar.

 

         Sem dúvida, a capital carioca é pródiga em paisagens naturais belíssimas, com seus maciços de pedra, a Floresta da Tijuca e as praias do Leme ao Pontal, além de outras atrações a mais, que se destacam quando podem ser observadas do alto, principalmente numa manhã radiante igual a deste domingo, quando embarquei no Santos Dumont num voo para Vitória.

 

         Esse distanciamento aéreo garante uma contemplação do todo de uma maneira abrangente, onde as partes se complementam na junção dos detalhes. Acho que por isso voar sempre foi um ideal que a humanidade buscou desde muito tempo.

 

         Mas sem querer desmerecer o elogio musical da composição internacionalmente conhecida do nosso não menos famoso Tom Jobim, quero, data vênia, falar também, obviamente sem a mesma genialidade, da maravilha que é avistar do alto a chegada em terras capixabas, principalmente a partir do litoral de Guarapari e até a descida no Aeroporto Eurico de Aguiar Salles.

 

         O próprio piloto, não sei bem o motivo, fez questão de anunciar, no sistema de som, em determinado momento do trajeto, quando iniciou as manobras de aproximação com a pista, que à esquerda da aeronave viam-se as paradisíacas Três Praias, Setiba, Ponta da Fruta, Barra do Jucu, Itapoã, Itaparica e Praia da Costa.

 

         Na sequência, o contorno da ilha de Vitória ficou perfeitamente delineado, entre a baía, com o Penedo vigilante no canal de acesso ao porto, e as ilhas do Boi e do Frade e, finalmente, a ponte de Camburi, com a praia de mesmo nome, até o pouso suave, como numa homenagem a tantas belezas.

 

         Viver é bom, mas saber viver é melhor ainda, dizia um amigo meu que já deu até logo a esse mundo material.

 

         Eu digo assim: viajar é bom, mas voltar para casa é melhor ainda, principalmente quando a retina ainda mantém o registro do brilho solar refletido na água do mar clamando por um mergulho. Feliz daquele que tem um lar para onde possa regressar e uma família para amar e ser amado.

 

         E, se Deus quiser, amanhã vai dar praia.

 


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