segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Todo cuidado é pouco

 

         As voltas que o mundo dá. Os testes a enfrentar.

 

         Filho idoso cuidando de mãe mais idosa ainda, obviamente.

 

         Sessentão versus nonagenária.

 

         Parada dura, digna de um embate olímpico.

 

         E quando a vetusta senhora leva uma queda, mexendo no que não devia mexer (igual criança), e sofre “fratura do ramo superior do púbis à direita”, aquele ossinho triangular que fica na extremidade inferior do baixo-ventre?

 

         Manos, é osso, se me permitem o trocadilho.

 

         O negócio já começou complicado quando um atendimento médico emergencial diagnosticou, de forma errada, que era uma mera luxação muscular na coxa direita. Dois dias depois, sem sintomas de melhoras, novo raio-x de melhor qualidade e consulta com um ortopedista experiente, que diagnosticou a ruptura óssea.

 

         No meio da parentada alvoroçada surgem inúmeros especialistas: “Repouso absoluto”; “Trinta dias de cama”; “Nada de esforço”; “Mastruz com leite é bom”; “Não pode ficar parada” e por aí vai.

 

         Nesse interim, busca-se uma segunda opinião profissional, que confirma a primeira. Receitada a medicação adequada e estabelecidas diretrizes para atividades específicas com os membros inferiores, objetivando evitar trombose e atrofiamento, orientadas por fisioterapeuta ou educador físico.

 

         E a madame? Até então ainda não tinha caído a ficha. Exasperada, imagina que nada aconteceu. Recusa ficar quieta, insiste que lhe devolvam a bengala (no primeiro teste, tenta se levantar sozinha e quase cai novamente) e pretende que a vida siga normalmente num passe de mágica. Haja paciência!

 

         Difícil era alternar, conforme recomendado, um período com ela sentada e outros horários na horizontal em uma cama. Gente acostumada a mandar não aguenta receber ordens. Lavar a velhinha é outra situação, até pelo risco de acidente. Tudo bem, tem uma cadeira de banho. Mas chegar até lá, já que a porta estreita do banheiro não dá passagem à cadeira de rodas, é uma peleja, que um observador desinteressado poderia considerar engraçada.

 

         Mas é dito que Deus dá o frio de acordo com o tamanho do cobertor. Então, nada a reclamar, pois estamos amparados por plano de saúde e em condições de buscar o melhor atendimento possível, inclusive agora com o apoio técnico de uma enfermeira qualificada e com autoridade para botar ordem na casa. No mais, tudo vai virar motivo de brincadeiras, com o passar do tempo, nosso imensurável professor.

 

         Enquanto isso, clamemos por Jó, personagem bíblico considerado exemplo de resiliência, de paciência e capacidade de vencer obstáculos, pois provações são feitas para superação. Assim seja.

 

         Dias melhores estão presentes!

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