quinta-feira, 3 de junho de 2021

Vida de casal

 


        Viver a dois não é brincadeirinha. Talvez, por isso, existam tantos casos de separações, descontando aquelas pessoas que fazem naquele estilo do “casa, descasa, casa, descasa”, como “quem olha só os prazeres que a vida traz/E vive nas entrelinhas dos homens sem raiz/Se enche de amores falsos/Pois hoje em dia tem gente que vive de fantasia/No desespero de ser feliz” (O filho do seu menino, Rildo Hora/Jair Rodrigues).

 

         Mas, tirando alguns contratempos inesperados, existem situações que na hora são problemáticas e, depois, se tornam motivos de risadas entre amigos. Por conta disso, trago aqui alguns pequenos causos que chegaram ao meu conhecimento. Nada que tenha acontecido comigo, pois, aqui em casa, minha mulher, após 42 anos e 6 meses de casamento nos dois (igreja e cartório), não tem do que reclamar, afinal “esse cara sou eu”.

 

         Vamos ao que interessa.

 

Cesto de roupa suja

 

         Já estava virando uma novela. Maridão chegava em casa após um dia de trabalho, entrava no banheiro, tirava a roupa, jogava debaixo da pia e ia tomar banho. A mulher, incomodada, reclamava: “Você acha que essa calça e essa camisa vão sozinhas daqui até o cesto de roupa suja na lavanderia?”

 

         Seis meses depois, o trabalhador pisa na sala de casa e é alertado pela esposa: “Pela última vez, coloque a roupa suja no cesto que fica na lavanderia. Você não está me entendendo esse tempo todo?”

 

         Como quem tem a paciência de um monge tibetano após 30 anos de meditação isolado numa caverna, a resposta sai calmamente:

 

         - Meu amor, você é que não está me entendendo. Tem seis meses que estou sinalizando que o cesto de roupa suja não é para ficar na lavanderia, e sim no banheiro, embaixo da pia.

 

Dia dos Namorados

 

         Se aproximando o 12 de junho – Dia dos Namorados.

 

         - Meu bem – perguntou a jovem senhora, após um momento de camaradagem, se é que me entendem -, o que é que você vai me dar de presente no Dia dos Namorados?

 

         - Nada, respondeu o marido, com a rapidez de um repentista nordestino. Nós nos casamos, lembra? Não somos mais namorados.

 

Evolução espiritual

 

         Naquela pequena cidade interiorana, um rapaz bastante estudioso, interessado nos mistérios universais, gostava de visitar um senhor de muita experiência, ralos cabelos brancos e sem papas na língua, em quem via a capacidade de lhe orientar para ser vitorioso na caminhada terrena.

 

         Certo dia, fez a seguinte pergunta:

 

         - O que fazer para evoluir espiritualmente?

 

         Olhando por cima dos óculos, que quase sempre estavam na ponta do nariz, o sábio caboclo, sabendo que o jovem ainda era solteiro, fez a seguinte afirmação, categórica e perene, definindo a solução para todos os problemas da humanidade:

 

         - É só você se casar, que aí vai ver o que é evoluir espiritualmente.

 

         Brincadeiras à parte, realmente não há lugar melhor no mundo para se aprender a viver do que dentro de um lar. A experiência a dois é definitiva. É possível entender a origem dos sentimentos mais variados, dos mais baixos aos mais elevados. Acordar tristes e dormir alegres. Envelhecer e se unirem. Compartilharem lembranças e o que foi construído, mesmo que seja só o laço que os une.

 

Se tornarem amigos para sempre.

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