Vinha eu trotando numa manhã dessas
pelo calçadão da orla central de Guarapari. Era cedo ainda.
Quando consigo madrugar, vejo sempre
na praça do antigo Radium Hotel um grupo de jovens mais antigos (para não dizer
idosos ou terceira idade ou melhor idade) fazendo ginástica. Eles formam um
círculo – são, calculei, umas 20 pessoas, entre homens e mulheres – em torno do
instrutor e mandam ver em exercícios leves e ritmados.
Segui em frente no meu trajeto até a
praia das Virtudes e mais além. Na volta, pela primeira vez, coincidiu que ao
passar novamente em frente ao Radium Hotel aqueles atletas bem dispostos
estavam concluindo a jornada matinal de atividade física.
Tinham se dado as mãos. Parei para
ver. E escutar. Contritos, rezavam o Pai Nosso, a belíssima oração que Jesus
ensinou a seus discípulos no Sermão da Montanha. Em seguida, entoaram a Ave
Maria. Na conclusão, cantaram o Hino de Guarapari (“Quer viver o
sonho lindo/Que eu vivi/Vá viver a maravilha/De Guarapari...”). Em
seguida, aplaudiram a eles mesmos.
Enfim, fiquei imaginando. Na
realidade, mesmo, todo mundo só quer ser feliz. E a felicidade está nessas
coisas simples e diárias, em que as pessoas se encontram, fazem algo juntas, se
divertem, têm um momento de religiosidade e vão em busca de seus afazeres
(mesmo que não tenham nada para fazer) até o outro dia, quando voltarão e
repetirão tudo novamente.
Muitos se sentem presos na rotina, como se fosse
um cárcere do qual precisam se livrar a todo custo. Me parece um engano. A
natureza, sempre ensinando, está repleta de atividades rotineiras, a começar
pelo Sol, que cumpre seu trajeto celestial da mesma maneira, sem falhar nenhuma
vez, por milhares de anos.
As marés vão e voltam num ritmo
constante e ininterrupto. As estações (verão, outono, inverno, primavera) se
repetem ano após ano. Os pássaros cantam com as primeiras luzes do dia, e
buscam abrigo no anoitecer. Mangueiras sempre dão mangas, e quem plantou laranja
não pode colher limão.
Assim o tempo flui inexoravelmente,
queiramos ou não. Sejamos sensatos o suficiente para aceitarmos essa realidade.
O Universo segue seu fluxo de forma inabalável, e que cabe a nós entender seu
ritmo e compreender seus sinais.
A fila anda, e vida que segue!
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